Pessoas Lindas!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Se King Kong falasse...

*off topic
Ou não, como diria Caetano.

Sábado as 14:30h vai passar na Tv Aberta - Canal Record a versão de Peter Jackson de 'King Kong'.

O filme foi baseado no livro de Edgar Wallace, escrito em meados de 1932- por isso muita gente não entendeu porque tem dinossauros e monstros, já que nas versões anteriores isso nunca aconteceu.
E meus amigos também não entenderam porque eu gostei tanto do filme e chorei muito em determinadas cenas.
Tenho a caixa de dvd duplo, um inteirinho só com extras - que adoro! E já revi umas três vezes.
Poderia passar um dia todo falando desse filme, mas a verdade é que pouca gente gostaria de ouvir, porque infelizmente, as pessoas se acostumam com suas próprias opiniões, e ai daqueles que só querem compartilhar as suas - o que não siginifica impor, apenas compartilhar.
Poucos são os que ouvem.
Muitos são os que selecionam o que ouvir.
Egos inflados, que só prestam atenção ao que lhes agrada.
Ouvir, pressupõe sentir. Isso é o que aprendemos na Psicologia.
Isso é o que eu costumo praticar - tento, pelo menos, já que o lado espanhol muitas vezes fala mais alto e eu acabo falando mais do que devia.

Como ser humano que sou, também cometo erros e tenho meus - maus - momentos egóicos.
Mas tenho me sentido soberanamente irritada com o grau de amor próprio exacerbado dos meus iguais seres humanos.

Que julgam alguém pelo estilo musical, pela roupa que veste, pelos livros que lê ou não lê, pelo vocabulário, pela situação financeira, pelo 'sucesso' ou 'fracasso' pessoal, pelo partido político, pela alimentação que escolhe, pelo peso, pelo cabelo liso, cacheado ou chapado, pelo carro que tem ou não tem, pelo novo super modelo de celular que tem ou não, pelo filme que gostou ou não gostou e uma série de outras coisas que deveriam ser tão pequenas e se tornam tão enormes.
Pobres mortais.
Perdem o melhor da vida, que é justamente o ser 'diferente'.
Aprender a ouvir, a tentar entender o universo do outro, a abrir-se para um mundo pessoal que pode sim ser interessante.

Assim como King Kong, Edward -Mãos de Tesoura, Um Estranho no Ninho e Garota Interrompida - filmes que demonstram o quanto a sociedade julga e pode ser cruel; eu lamento em pleno ano de 2010 uma grande massa de pessoas que se isolam em suas próprias frustrações e ainda se prendem a conceitos que ninguém- ninguém- postulou com eficácia comprovada, ser o mais correto, ou 'normal'.
A cada dia que vou trabalhar com as crianças deficientes, ou encontro as crianças do meu projeto, ou converso com grandes músicos e bailarinas, ou fico cinco minutos além da aula só ouvindo ou conversando com as alunas, eu aprendo a ser gente.
A olhar o outro com a benevolência de saber que, eu mesma, ainda estou em processo, em construção.
E quero manter perto de mim aqueles que conseguem, apesar de tudo, seguir em frente acreditando na bondade, e sem ter vergonha de ser afetuoso ou irascível, porém sempre verdadeiro.

E que bom que a tv aberta vai passar o filme ainda que dublado, ainda que com cortes, mas pô, tv aberta. Mais pessoas pensando.

Talvez muitos vejam apenas um filme de ação; outros uma relação bizarra entre uma mulher e um gorila; outros ainda atentem um olhar apurado - e merecido - sobre os efeitos sonoros e a impecável atuação do sempre fantástico Adrien Brody.

E, talvez, alguém veja tanto da vida representado ali, em cada personagem, inclusive no gorila, como eu vi.
A todos os King Kongs da vida, dedico esse post.
E deixo com meu mais sincero afeto, o meu recado: eu gosto de vocês.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dança Inclusiva - O que é isso?


(Desde 12 de Julho estou divulgando o evento que acontecerá na BAHIA em SETEMBRO. Esse texto foi escrito por um dos colaboradores do evento, Edu O.)

"Os modos de pensar a realidade de hoje são integradores e apresentam um fluxo contínuo
de processos e dinâmicas de campos interpenetrantes de informações que estão relacionados
a avanços em estudos científicos, filosóficos, tecnológicos, econômicos, sociais e políticos.

Esse modo de pensar e ver as coisas do mundo é parte de um processo co-evolutivo
que modifica o corpo, seus modos de comunicação, criando redes de conexões nesses diversos
campos de ação.

No fazer artístico, na arte contemporânea, e especificamente na dança,
esse diálogo entre arte e ciências no campo das diversas mediações tecnológicas
e comunicacionais, nos faz entendê-la como um fenômeno complexo, apresentado como
singularidades do corpo fora da perspectiva dualista.

Ações artísticas como intervenções urbanas, residências artísticas temporárias entre grupos de dança, reuniões como um coletivo para pensar/estudar dança e contemporaneidade, as exposição dessas ações na comunidade, tudo isso aponta as novas emergências que a arte/artista/corpo vem encontrando para dialogar com o mundo de hoje, e o corpo do artista com deficiência é parte desse contexto.

Com esse foco, no período de 08 a 12 de Setembro de 2010,
no Espaço Xisto Bahia, o Grupo de Pesquisa Poética da Diferença (PPGDANCA), coordenado pela Professora Dra Fátima Daltro, propõe realizar, em parceira com o Grupo X de Improvisação em Dança, e Grupo de Pesquisa TRAMADAN (Escola de Letras, e Escola de Dança/UFBA), o evento - 1º Encontro de Dança Inclusva. O Que é Isso?,- a fim de refletir sobre a participação efetiva das pessoas com deficiência
no processo de inclusão social tão difundida nos últimos tempos, sobretudo no campo artístico da dança.

As discussões girarão em torno de acessibilidade, profissionalização e inserção
no mercado de trabalho de artistas/dançarinos com deficiência que não tiveram acesso
a informação e formação em dança seja nos ambientes acadêmicos e espaços formais
de ensino de dança.

A proposta é discutir sobre a criação, elaboração e exposição da dança
do(no) corpo do dançarino com deficiência, refletindo sobre as relações estreitas entre corpo,
ambiente e comunicação. Situar esse modo de ser e de agir no campo da pesquisa artística
e ou acadêmica em dança, especificamente no corpo do dançarino com deficiência, é objeto
desse Encontro.

Entendemos ser essa uma proposta relativamente nova, que tem despertado
o interesse em diversos setores da sociedade, o que vem flexibilizando algumas fronteiras.

Mas, embora essas fronteiras se encontrem esgarçadas, ainda é evidente a presença
de resistências que têm como origem o preconceito, a falta de informação e da vivência
com a diversidade. Romper essas barreiras é importante para socializar as informações
e permitir que as teorias se aproximem e possam revelar a realidade emergente.


Assim, esse Encontro reunirá reflexões em dança contemporânea, seus modos
de configurações do e no corpo do dançarino com deficiência em torno da acessibilidade.
A constatação de que existem muitos grupos e projetos que trabalham dança com pessoas
com deficiência, mas pouco investem na sua profissionalização e raramente atuam buscam
formar artistas com capacidades criativas e independência, motivou essa proposta.

A experiência com a atividade de extensão Poéticas da Diferença (2004/2009), atualmente
projeto de pesquisa vinculado ao PPGDANÇA/Escola de Dança/UFBA, com o Grupo X
de Improvisação em Dança, colaboradores, estudantes de graduação e pós-graduação
em dança, e participantes do projeto Oficinas de Dança Para Pessoas com Deficiências,
seus Cuidadores e Comunidade, projeto hora vinculado ao programa, ACC/UFBA(2009/2010),
fez perceber a necessidade de abrir discussões sobre o corpo com deficiência,
para compartilhar as experiências e os avanços no que se refere à informação, formação
e profissionalização artística das pessoas com deficiência.


O Encontro pretende reunir artistas com e sem deficiência, pesquisadores em dança, profissionais na área de comunicação, educação, psicologia e produção para promover um debate interdisciplinar.


Em paralelo teremos mostra artísticas, oficinas, mini-cursos e debates interativos abertos ao público como estratégia para franqueamento das reflexões e difusão do conhecimento nesse campo de ação. Consideramos de suma importância que a discussão parta dos artistas
com deficiência e que cada um relate suas experiências e expectativas.


A pergunta "A dança é da deficiência ou do deficiente ?" estará mediando as reflexões para analisar, no contexto contemporâneo, que estratégias de sobrevivência são engendradas por grupos e ou dançarinos com deficiência, para acesso ao mercado de trabalho e ao campo artístico.


Nesse sentido, chamaremos a atenção para as obras artísticas criadas por/com essas pessoas e para o fato de que na arte, e especificamente na dança, os discursos que emergem dessas obras, muitas vezes, falam do corpo vítima/coitadinho, idéias que estimulam a crença da ineficiência
e na incapacidade de auto-gerência.


Partindo das relações que a arte contemporânea propõe, no caso a dança, e entre ela e outras áreas de conhecimento, vislumbramos a possibilidade de uma nova projeção para o espaço urbano e para as cidades globais, gerando outras dinâmicas de interação e interpenetração acerca de questões nucleares, como é o caso da relação dança e deficiência, para a compreensão do momento presente e a construção do futuro, via arranjos criativos que o campo artístico é capaz de produzir. Assim, em acordo com a linha temática na qual se insere, esta proposta vem na tentativa de esclarecer equívocos sócio-culturais.



Percebe-se que relacionar dança e deficiência ainda parece incompreensível ao interlocutor que vê essa relação a partir da bagagem conceitual e cultural recortada pelo senso comum.


Determinações sócio-histórico-culturais do universo da dança, tais como as tendências do corpo ideal, virtuoso e de alto rendimento, são mantidas e promovem uma fixação de circuitos e sistemas fechados de comunicação, uma redoma protetora edificada sobre as possibilidades de aprofundamento teórico e técnico da questão.

A convicção de que essas pessoas não possuem padrões apropriados para dançar sustenta
um apartheid que interdita a possibilidade de sua dança ser encarada como uma outra dança.
Além das fronteiras da dança, a situação é mais aparente quando se verifica que esse público
normalmente não ocupa cargos mais significativos.



O que se vê com freqüência é a oferta e a ocupação de tarefas ligadas ao subemprego (faxina, empacotador), sem perspectiva de crescimento profissional e remuneradas por baixo salário. Uma oferta/ocupação imposta, já que não há possibilidade do candidato fazer suas próprias escolhas e ou verbalizar o que gostaria de ser/fazer no mundo.


Estas visões não condizem com o entendimento norteador dessa proposta, o conceito de Corpomídia (Katz & Greiner, 2005) aqui utilizado para discutir que a dança, se construída no corpo com deficiência, ou no corpo dito normal, corresponde às experiências vivenciadas, intrinsecamente relacionadas às interferências e obstáculos do viver cotidiano, dos encontros e diálogos na cidade.


Aqui se entende que dança acontece por acordos e ajustes entre um corpo (uma coleção de informações específicas) e as informações do ambiente.


Outro ponto é o equívoco do termo inclusão, pois quando se afirma uma inclusão se pressupõe e se reafirma a exclusão.


Ela se dá a partir da benevolência e generosidade alheia. Considerar estas noções no campo do discurso poético permitirá trazer à tona a complexidade que se estabelece também no corpo do dançarino com deficiência e o aproveitamento de suas potencialidades.


Dessa forma, acreditamos que esse projeto poderá romper com o pensamento comum que cerca a pessoa com deficiência como ineficiente e incapaz de se autogerir, e, em tempo, se estará
ampliando as discussões nesse campo.


Escrito por: Edu O.
(Drt: 2249 - Bacharel em Artes Plásticas -Especialista em Arteterapia)
Produtor, Dançarino e Coreógrafo Grupo X


Isso realmente importa!
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pro Corpo e Pra Alma

Fim de semana com estudos em Dança, que delícia!
Desde Maio tenho feito aula particular com Aziza Mor Said. Um luxo!
Queria registrar como é importante esse momento: uma aula só sua, onde a professora te orienta, avalia, ajuda, auxilia.

Aziza faz tudo isso, e muito mais.
Indica livros pra ler, conversa sobre experiências, pergunta... traça um perfil não só da sua dança, mas do seu comportamento, personalidade.
Tem uma dedicação pela Arte, um cuidado como professora, que me faz gostar muito de ser sua aluna.

Interessante que eu nunca havia estudado os vídeos de Aziza, apesar de gostar das suas danças. Quem me indicou as aulas com ela, foi o Habib (Jorge Sabongi) e, mais uma vez, sou grata à ele.

Aziza além de bailarina sabe ser Professora.


E isso nem sempre é comum. Às vezes temos grandes bailarinas que não são - ou não querem ser- boas professoras. Aziza é sim, uma excelente bailarina E professora!
A maneira como ela faz seu esquema de leitura musical é de um capricho que me deixou de boca aberta! Tenho aprendido MUITO com ela.
Não só na dança, mas na vida.

Ela é discreta, sem afetações e impõe respeito pela maneira como fala, ensina, dança.
Virginiana como eu, os momentos que tenho passado com ela tem me emocionado muito.
Obrigada, Aziza, por tudo.

E falando em Leitura Musical, algo que tenho estudado muito, fui fazer o Workshop de Leitura Musical com Débora Sabongi na Khan el Khalili.

Que coisa boa! Um grupo fechado, exclusivo, apenas pra 'destrinchar' a música árabe e reconhecer as variações, tempos, instrumentos, solos... muito proveitoso!

Saber o que fazer em cada parte da música é uma grande ajuda!
O que mais gostei?

Débora não trouxe uma coreografia pronta.
Débora não disse, em nenhum momento 'o que fazer nessa parte da música' ela dizia o tempo todo: 'Vocês têm que sentir! É o que a música representa pra vocês! Eu só quero coerência, mas não vou exigir que vocês tenham o mesmo sentimento que eu tenho ao ouvir a música!' Ponto pra ela.


Foi o primeiro workshop que eu fiz - e olha que são onze anos hein gente -em que a professora ficou no camarim batendo papo com as alunas, riu, se divertiu com o curso, mandou a música por e-mail pro grupo estudar, compartilhou nomes de cd's, vídeos para estudo, tudo numa boa, de igual pra igual, numa simplicidade de emocionar.

O grupo amou, todas almoçamos juntas, conversamos, um clima tão leve que ainda carrego comigo.
Novos ares, novos métodos, algo diferente e acolhedor.
Que bom Débora, que as pessoas estão podendo conhecer você.

Eu adorei e farei os próximos.



* Beijos pra Thami e pra Fabrina, adorei conhecer vocês!
*Beijos pra Regina do Shoping Santa Cruz, ela me 'reconheceu' no metrô (que chique, em plena 7 da manhã e ela: 'você não é a Luciana Arruda do site A Bailarina?' e eu: 'Oi, sou sim, mas depois das 10 eu sou bem mais legal!' rimos muito juntas, e fiquei feliz com os elogios sobre o site e o blog.
*Obrigada a todas as meninas que falaram do site, é muito bom esse carinho!
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E não se esqueçam, em Setembro tem Dança Inclusiva!
Eu apóio esse evento!

domingo, 11 de julho de 2010

Um pouco de mim


Segundo o filme conta, esse foi o poema que Nelson Mandela leu todas as noites, durante os 28 anos em que ficou preso.
Foi inspirador, para mim, que acredito também ter u
ma alma invencível.
Sem falsa modéstia.


"Sob o manto na noite que me cobre
Negro como as profundezas de um pólo a outro
Eu agradeço a todos os deuses
Por minha alma invencível.

Nas garras ferozes das circunstancias
Não me encolhi nem derramei meu pranto
Golpeado pelo destino
Minha cabeça sangra, mas não se curva.

Longe desse lugar de ira e lagrimas
Só assoma o horror das sombras
Pouco importa quão estreita seja a porta
Quão profusa em punições seja a lista
Eu sou o senhor do meu destino
Eu sou o capitão da minha alma.”

‘Invictus’
de William E. Henley

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Festival de Férias = Festival de Descobertas

Há oito anos eu faço espetáculos de dança em minha cidade. Sempre no final do ano, usualmente em Dezembro.
Começo os ensaios em Fevereiro e respiro mostra de dança praticamente o ano todo. Paralelo às coreografias para a mostra, sempre temos mais duas ou três, devido aos shows e eventos no qual somos convidadas a dançar.
Há um ano, quando inaugurei meu estúdio (mais facilidade de ensaios, uso da sala em qualquer horário e etc) percebi que as aulas ganhavam mais agilidade e as bailarinas, mesmo as iniciantes, se desenvolviam com maior rapidez.

Neste ano, a partir da idéia da Shie (nossa Profª de Ballet e Gospel) resolvemos fazer um Festival de Férias, em Julho, meio do ano, tudo 'mais leve e informal'.

Aí resolvemos encarar o desafio de ter coreografias extras, para o Festival (teríamos somente cerca de 8 aulas para criar, limpar e deixar 'bonito').
Nunca o estúdio ficou tão agitado.

Alunos de ballet e jazz ensaiavam, liberavam a sala pros meninos e seus solos especiais, três turmas de dança do ventre criando e ensaiando, e em meio a tudo isso, eu encasquetei que queria uma performance especial das Professoras, com a super estilosa 'And all that Jazz' do musical 'Chicago'.

E aí já viu né? Bailarina de DV tentando dançar jazz...sempre tem uma 'mãozinho girando, um quadril mais solto' e a Shie corrigindo.. e dá-lhe pernas para o alto, e olha que surgiu até um cancan! Teve criança que não se aguentou e quis olhar de pertinho.


Foi um desafio.
E deu SUPER CERTO.

Eu tinha que dirigir um elenco de mais de 40 bailarinos. Alunos que não eram meus. Pessoas com estilos diferentes de ensaiar. (e eu brigo porque 'ensaio' é diferente de 'treino' e ai o tempo, o relógio, o horário marcado com o pessoal da Prefeitura para liberar o 'teatro' - que é na verdade um antigo cinema).

E lembrando que eu estava há 15 dias detonada devido a uma inflamação de garganta somada a uma febre misteriosa que nunca passava.

E dá-lhe eu no ensaio geral toda enrolada em cachecol, moleton e vamo que vamo.

Diário de uma Diretora Artística:
*Decido que vamos encerrar ao som de 'Tente Outra Vez' de Raul Seixas. Divido os refrões e cada turma entra no palco com sua coreografia. Ao final, as professoras e, em seguida, o elenco todo, só para´a última frase 'Tente outra vez'.

*As professoras não entenderam muito bem porque decidi que cada uma ia entrar em cena com sua cadeira. São oito anos fazendo espetáculos e três módulos do Curso de Direção Artística, em SP. Não ia ficar explicando. Mas pra resumir: parar a adrenalina do espetáculo pra colocar objetos em cena, mesmo com blecaute, 'quebra' o andamento da coisa. Fora o risco da pessoa colocar os objetos em local errado. Mas ok, ninguém questionou e deu tudo certinho.

*Meu sonho de consumo: ter um assistente de camarim, só pra controlar entrada e saída dos grupos e soltar a música. Não foi a primeira vez que tive que correr, empurrar pessoas e ir dar o sinal no walk talk - vestindo apenas sutiã, meia calça e short. Céus!

*Final do evento: só eu e marido ficamos arrumando tudo. Meu próprio assistente foi embora, o elenco saiu pra comemorar e a única professora que ofereceu ajuda foi a Shie. No próximo evento vou deixar uma escala e cada professora vai cuidar de uma parte. Sugestão da Shie, muito bem vinda, por sinal. As vezes eu me sinto boba por fazer as coisas sozinha e não pedir ajuda. Preciso aprender a pedir, já que nem todo mundo tem a percepção e a solidariedade em ajudar.

*Chego em casa, após colocar roupas pra arejar e guardar alguns itens, abro um arquivo no Pc e anoto os grandes nomes de todas as turmas, que surgiram durante o evento. Bailarinos e bailarinas especiais, que certamente tem um 'duende' ali. Preciso falar com eles depois, e sobre eles com as professoras.


No dia do evento:
9h às 12h - no teatro, arrumando o palco de madeira cheia de farpas (preocupada com a Shie usando ponta, e minhas meninas dançando descalça) foram uns três rolos de fita crepe. Varrer o palco. Colocar tecido branco pra rebater a luz, colocar tecido no corredor de entrada pra proteger a passagem do camarim. Comprar flores pra decorar o hall de entrada.

12:30 às 13:30:
mercado. um horror, lotado. mas precisava comprar comidinhas pro elenco, afinal camarim que se preze precisa ter comidinhas! Salgadinhos, palitinhos de chocolate, amendoins. Guardanapos. embalagens.copos.Bebedouro (porque a prefeitura só empresta o local, mas nós é que temos que providenciar água, copos, papel e etc. é, novos tempos, novas adaptações.)

14:00 às 14:30 - almoço (que marido faz, amém!) e tento dormir um pouco, tenho que arrumar o cabelo às 15h (vou usar o candelabro, preciso domar os cachos). O cara da luz liga, dizendo que já está no local. (era a primeira vez que ia trabalhar com o Julio, tadinho! preciso correr lá e dizer como gosto da luz).

15:00h- deveria estar no salão, mas passei pra falar com Julio.
'Não Julio,não quero isso parecendo um bordel, pode tirar essa luz vermelha.'
'Julio, branco. Branco e branco, só. o tempo todo.
Nada de luz piscando e todo o elenco tem que aparecer.
Tá bom, um amarelinho pode, deixa eu ver o tom. Não, esse 'morre'.
Esse azul serve, é clarinho.
O que é isso: Ah, luz pra correção? Gostei, pode usar. Ajeita esse canhão esquerdo, tem um ponto cego no palco.
O que é isso? 'Arara'?? Nunca vi. Deixa eu ver, quero ver. Hum... tá gostei, pode usar.
Mas tá escuro ainda!
(Meu iluminador, o Mauricio, trabalha com pelo menos 16 canhões, mais set light e uns três focos. O Julio foi chamado às pressas, porque não teríamos luz, apenas a própria luz do teatro. No dia do ensaio descobrimos que 3 refletores estavam queimados. Bem, prefeitura, dia de jogo do Brasil, eu preferi não arriscar e chamei o Julio. Pouca grana, negocia aqui e ali, evento simples e tals, o rider estava bem diferente do que costumo trabalhar. Tínhamos apenas 08 canhões.
Mas DEU TUDO CERTO. Julio arrasou! ADOREI!)

15:30
- Tupete (meu cabeleleiro) naquela paz de sempre, nem questiona meu atraso e ainda me recebe com sorriso e café fresquinho. 'Tem dança hoje né? Ok, vamos lá ficar linda'. Saio de lá às 17h e volto pro teatro.

17:10h - Julio, preciso testar o som e a luz.
Pânico! Descubro que usaram o som do local para cobrir outro evento (uma festa junina de uma escola municipal) e retiraram as caixas de retorno. Sim, SEM RETORNO. Surtei.
Julio, muito calmo (ponto pra ele) traz uma caixa, um dvd e vamos lá usar esse som.
Ele também me diz com toda a calma do mundo, que ficaria no som e seu assistente na luz, mas o assistente não pode vir e...quem ficaria cuidando do som?
Felipe nem teve como dizer não. Quem mais ficaria cuidando do som?
Parecia coisa de bruxo, ele disse: 'Se o leitor do dvd não estiver bom, pode dar problema no som'. Tá, no momento do evento- ainda bem, foi no final e na entrada das professoras o som parou- por um segundo- e voltou. Mas ok, profecia do Julio cumprida.

17:40 - Saio do teatro e vou pra casa. Quando entro no banho é que lembro que nem fiz a unha. Tudo bem. Uma base em mãos e pés e vambóra. Sorte que, virginiana que sou, a mala estava prontinha desde a noite anterior. Pegar walk-talk, programas extras pra colar no camarim, incensos pra aromatizar o teatro todo e trazer boas energias, minha garrafinha de água. Ao pegar o celular, descubro que meus créditos acabaram. Caramba! Obrigada Létícia! (minha aluna me emprestou e eu devo ter acabado com os créditos, de tanto que telefonei pro Felipe pedir pra aumentar o retorno.)

18:40 - chego no local e começo a arrumar tudo, varro o palco novamente, porque com a instalação da luz, várias coisas caíram pelo palco. Lá estou eu, maquiada, arrumada e varrendo o palco. Esse momento é especial, há oito anos faço isso. A última coisa antes de entrar em cena: varro o palco. Imagina um Michael Jackson fazendo isso? Uma Madona? Pois é. Mas toda vez que eu quero reclamar, lembro da passagem bíblica de Jesus lavando os pés de seus discípulos. Sei que parece maluco, mas é como se fosse uma lição de humildade pra mim: 'Varre o palco Luciana, porque isso aqui não pode ser vaidade. Depois que a luz acende, você é só uma pessoa comum."

20:16h - Reúno o elenco (como é possível vaber todo mundo nesse corredor que chamam de camarim?) e começo a prece: 'Eu seguro a sua mão, para que possamos fazer juntos o que eu não consigo fazer sozinha'. E palavras surgem, e eu começo a dizer coisas muito bonitas e tem gente que chora. Alguem aperta minha mão com tanta força, mas não me lembro quem estava ao meu lado. E eu falo e me emociono muito. E vamos lá, hora do show.

Eu vou abrir o evento com uma ousadia: Dançar 'Dona do Dom', na voz de Bethânia. A música começa, o retorno não está do meu agrado. A platéia está agitada. Os primeiros acordes. A voz de Bethânia, poderosa e forte, ecoa pelo teatro LOTADO. Eu me levanto e abro os braços. A platéia silencia.
Sinto uma energia muito forte em mim e em tudo à minha volta. A luz bate em meu rosto e de relance, vejo uma mulher levando a mão ao rosto. Ela enxuga uma lágrima. A conexão foi feita. Deixo Bethânia cantar e danço muito pouco, muito calma. Não preciso fazer muito, a música já faz tudo. Mas fico insegura porque não ouço muito bem a música.

É meu momento, e estou plenamente feliz.
A cada entrada dos grupos, a platéia vibra enlouquecida.

Shie, ballet.
Grandes momentos na noite.
Um elenco impecável.

Um medinho antes do duo dos meninos - me lembro que moramos numa cidade de 30mil habitantes e com alguns conceitos ainda arcaicos. A platéia delira! Pessoas aplaudem em cena aberta. Eles arrasaram, que orgulho deles!

André e Xandy

Minhas professoras me deixaram orgulhosa, tudo perfeito.

O Xandy passou mal, a Shie pediu pra soltar a música e ele dançou com tudo. A cada entrada na coxia, respirava e se encolhia, mas voltava e fazia bonito. Cãimbras, na barriga. Tadinho. Uma hora, eu toquei a barriga dele, foi instintivo, quando ele entrou na coxia. Fiquei com vergonha. Mas é como se com a minha mão eu pudesse tirar a dor. Ele brilhou, a noite foi dele, de novo.

Xandy

O final chega, e é muito difícil de controlar a emoção.
Ajoelho e aplaudo meu elenco.
Quando me levanto, vejo o Xandy apontando pra mim e me aplaudindo. Isso aqueceu meu coração.

Valeu.
Dezembro tem muito mais.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

E quem ganhou foi...

Promoção 'Site A Bailarina'
Quem enviou e-mail dando um feedback sobre o novo site e vai ganhar o dvd da Ava Fleming do IAMED foi:

Lis Coradi

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Promoção 'Seguidores do Blog Luciana Arruda'
Quem me segue, também ganha um dvd do IAMED:

Karina Beraldo

PARABÉNS, MENINAS!

Obrigada pelo carinho, pelo apoio e por estarem presentes nessa minha caminhada de aprendizado e estudos em dança!
Somos todas uma, unidas por esse fio universal que é a Arte!
Fim do ano, Dezembro, tem mais!
Além de itens pra dança, vão concorrer a Camisetas do meu estúdio!


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Sábado, dia 03 tem o primeiro Festival de Férias do meu estúdio...tem sido uma descoberta! Depois conto!


:)