Pessoas Lindas!

sábado, 2 de agosto de 2008

Diferenças entre AMAR - ADMIRAR - SUFOCAR


“Não procure seguir as
Pegadas dos mestres.
Procure o que eles procuram.”
(Matsuo Basko)

Ao ler esse trecho no livro ‘O Ritmo das Almas’ que estou adorando, pensei muito na idolatria e fixação que acometem algumas pessoas.

Durante minha vida de adolescente, eu tive minhas fases de idolatria desmedida. Sabia tudo, tinha tudo, ouvia tudo, brigava defendendo tudo o que fosse relacionado a banda Guns N’ Roses, mais em especifico, Axl Rose, que foi durante muito tempo meu ideal de beleza masculina. (não tenho nenhuma vergonha em assumir isso, ao contrario de muitos que também eram fãs do Guns, mas hoje ‘renegam’ a banda). Isso passou, depois que saí da adolescência e percebi que ídolos moram longe demais e nunca estão presentes quando precisamos de um abraço.
Aprendi a confiar nas sábias palavras de Caetano Veloso “De perto, todo mundo é normal” e isso me libertou de decepções diversas ao longo do tempo.

Claro, a gente nunca está imune a amizades traiçoeiras, a gente invejosa e pessoas maldosas, mas eu aprendi a lidar com essas coisas da vida com uma serenidade que me espanta, até, mas deixo o ciclo fluir livremente, acreditando muito na máxima : ‘Colhemos o que plantamos.”
Enfim, estou escrevendo tudo isso, porque esse trecho do livro me fez pensar em como existem pessoas carentes de um guia, de um mestre. Corrigindo: a carência, na verdade, é de um objetivo de vida, uma paixão, um vislumbre de algo que nos deixe entregues ao sabor da vida e das emoções.

Já vi gente repetindo frases de seus ídolos, gente se comportando como os mesmos, pintando o cabelo, usando a mesma roupa e um sem fim de coisas. Já passei por isso também. Pessoas que se aproximavam, me tratavam super bem, entravam em minha casa, usavam minhas roupas, livros, revistas e depois começava uma cobrança insuportável de eu estar sempre por perto, de retornar as ligações, de estar sempre sorrindo, de sempre saber a resposta adequada.

Também já presenciei pessoas que antes amavam determinado ‘ídolo’ e depois passam a descarta-lo, seja porque encontraram outro ‘melhor’ ou porque o ídolo em questão havia se tornado demasiado humano.

Há pessoas que, na falta de uma vida plena, precisam da vida de outras para ter um pouco de emoção, ter sobre o que falar, ter referenciais para viver uma vida que, sinceramente, nunca foi dela.

O que fica depois? A tristeza, o sentimento de vazio, o choro, a depressão, a sensação de ‘não pertencer’ a nada nem a ninguém.
E as pessoas procuram uma razão, alguém para culpar. E aí culpam o mestre que não lhes deu atenção, o ídolo que não esteve presente, a amiga que decidiu desligar o celular para dormir em paz.
Eu não gosto muito dessa idolatria não. Me incomoda.

Primeiro porque eu ainda estou procurando o meu caminho e segundo, porque detesto cobranças.

Quando citam aquele trecho de ‘O Pequeno Príncipe’ “Tu te torna eternamente responsável pelo que cativas”, eu tenho vontade de sair correndo. Vai você ser responsável, não jogue para mim suas carências! Imagina eu ter que ficar ‘eternamente’ sendo exemplar, sendo presente, atenciosa, legalzona, só porque ‘cativei’ alguém. Não,não. Como dizia José Régio “Minha glória é essa: não acompanhar ninguém.”

Quem ama, quem admira, não cobra nada. Não pede responsabilidade nenhuma. Vive e é livre. Não importa se o amigo quer sumir por um mês, depois ele volta, cheio de novidades pra contar. Não importa que o mestre ou a mestra tem uma beleza única e sabe fazer tudo como se fosse perfeito, ele também vai ao banheiro e faz cocô. Não importa se alguém te abraçou num dia triste, essa pessoa também tem outras coisas para fazer, não vai poder ficar te pajeando o tempo todo.

Ao invés de seguir seu mestre, siga o que ele segue, qual é a sua busca?
Ao invés de ficar esperando aquela ligação, o convite para sair, a musica certa para dançar, vá para a ação! Se não tiver ninguém para lhe dar à mão, não fique com o braço esticado e chorando. Vá, sozinha ou sozinho mesmo. No caminho, você sempre acaba encontrando algo ou alguém.
Mas o mais importante é: tenha a SUA busca.

Não dependa de ninguém. Não se espelhe em ninguém.
Não coloque as SUAS expectativas em ninguém. Depois você fica triste, se decepciona e fica dizendo aos quatro ventos que ‘aquela pessoa te magoou’. Por que foi ela?? VOCÊ é quem esperava algo que ela não foi capaz de dar, simples assim. Pare de viver na espera de que as pessoas vão agir como você, isso é decepção na certa.

Pense naquele ditado árabe: “A primeira vez que me magoa, a culpa é sua. A segunda, a culpa é minha.”
Siga seus próprios caminhos.

“Duas ou três coisas eu sei com certeza
E uma delas é que eu
Preferiria andar nua do que
Vestir o casaco que o mundo
Fez para mim.”(Dorothy allison)