Pessoas Lindas!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Das coisas que permanecem...



Muita gente tem me perguntado quando minha filha nasce e quantos dias ficarei sem postar no blog.
Eu não sei, moçada.

Apesar de já ter dito ao meu médico que quero cesárea, ele não marcou nada ainda - e já estou pronta para ter normal, estou a caminho da 37ª semana.

Eu tenho show Sábado agora, no festival do meu estúdio Mosaico das Artes e provavelmente semana que vem irei encerrar temporariamente meu trabalho como Psicóloga na entidade que trabalho, algo até adiado demais, porque ninguém em sã consciência trabalha tanto até 15,20 dias antes do parto.

E eu estava aqui pensando nessa coisa de 'pausa' de interromper projetos e planos, de parar um pouco.
Nunca fiz isso.
Tanto é que minha Agenda segue até Dezembro - mês em que volto ao palco, porém Agosto tem evento interno do estúdio e eu adoraria dançar.

Ah, e sem comentar que a agenda de 2012 já está pronta, só aguardando novas inserções.

Não é tranquilo como aparenta ser.

É minha primeira gestação, minha primeira experiência em 'dar uma pausa'.

Mas tudo o que sei é que a vida não vai parar e sempre que possível estarei aqui e por todos os lugares onde a Arte me chamar.

Ainda ontem recebi um convite muito bacana da Débora e me fez tão bem, foi como se o Universo dissesse: 'Viu?! A vida não pára, mesmo!'

Pouquíssimas pessoas sabem, mas semanas antes da confirmação do meu teste de gravidez, eu estava nos últimos detalhes para assinar um contrato de 15 dias a bordo de um cruzeiro pelo Chile, como Bailarina. A Gravidez não tornou possível a assinatura do mesmo, porém me trouxe um sem fim de benefícios indiretos que nem eu mesma iria imaginar.

Mesmo grávida, mantive as atividades no estúdio, continuei participando de eventos, trouxe Aziza Mor para cá numa grande empreitada e, nossa, nem teria espaço hábil para contar como foram produtivos esses 9 meses. Gerei uma filha e uma vida de trabalho intensa!

Portanto, tudo o que posso dizer é que será como tem sido: cada coisa a seu tempo, cuidada com o mesmo capricho de sempre.

Um parto é vida em movimento, não 'a pausa'.

Estarei por aqui sim, e vocês todos em meus pensamentos, sempre.

De tudo o que importa, é o que permanece: o afeto que não foi escondido, o amor que foi doado, a amizade que foi leal e presente e as palavras que deixamos nas despedidas.

Por isso, digo aqui: amo vocês.

Porém, não é despedida.

beijo todos,

Lu

=]


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gravidez - Terceiro Trimestre

*Leia sobre o Primeiro Trimestre  e o Segundo Trimestre


Comecinho do 7º mês


Um Corpo em Transformação

Passou rápido, é essa a sensação que tenho.
Entrei oficialmente no 'nono mês' (36 semanas. Mas a gente descobre que Gravidez dura 42 semanas, ou seja mais de 10 meses, e as pessoas dizem que dura 'só 9 meses' porque, a partir DESSA SEMANA - 36ª caso o bebê nasça, ele não é mais considerado prematuro.)

Então, queridos todos, enquanto escrevo minha filha Salomé pode, a qualquer momento, querer 'sair da toca'.
Segundo meu médico as chances de isso acontecer naturalmente indicam o meio de Julho, com 10 dias antes ou depois.
Algo me diz que ela virá ou entre o período do dia 06 - sei lá por que, talvez pela finalização dos eventos e trabalho; ou lá pelo dia 20, porque é a MINHA LUA (Cheia).

Então, esse é o último post sobre minha gestação.
E, como disse acima, o que sinto é isso: passou rápido, tudo muito rápido.

Talvez por ter 'descoberto' já no segundo mês, ou porque é assim mesmo que as coisas são.

Sou uma sortuda danada, que transitou por essas 36 semanas como quem viaja de férias: sem enjôos, azia, mal estar ou quaisquer outras coisas que TODO mundo diz que grávida tem.
Mentira.
Cada grávida é diferente, cada gestação tem suas características, e nesse tempo tenho conversado e descoberto outras dezenas de grávidas que também contrariam o senso comum e tem dessas gestações maravilhosas como a minha: apenas a barriga crescendo e vamo que vamo.

MAS
É preciso dizer que NENHUMA gestação passa assim, facinho facinho, em branco.
HÁ DESCONFORTOS.
Claro!


Imagina uma vida sendo gerada em seu ventre, com todos os seus órgãos mudando de lugar, sua pele esticando ao máximo, seus hormônios feito loucos, seus ossos e musculatura se adaptando... e a gente ainda tem que seguir com a vida de trabalhadora, dona de casa, bailarina e que seja??

Hoje quero falar dessas transformações.

FÍSICAS E EMOCIONAIS.
(foto: dançando no Chá de Bebê, no final do 7º mês)

Vou começar pelas emocionais, porque sou movida a isso: emoção.
A carga hormonal atua não só no sistema nervoso, mas também no sistema límbico. Ou seja: alterações de humor e um sono recheado de sonhos/pesadelos constantes e diferentes.
O progesterona faz isso com a gente: aumenta a libido ao máximo, se não fisicamente, pelo menos em sonhos.
 (a minha carga atuou nos dois sentidos. minha vida sexual se manteve até a 35 semana, de fato. agora preciso sossegar.)

É como se fosse uma sensibilidade exacerbada em todos os sentidos.
O riso vira gargalhada, a tristeza vira depressão, o medo vira pavor e aí vai.
Cada mulher lida com isso de determinadas maneiras.
No meu caso, eu reconhecia os momentos e saía avisando: ''gente, são os hormônios.''
E conversei muito com minha filha, identificando os sentimentos.
'Salomé, isso que mamãe está sentindo é alegria. Isso é medo. Isso é decepção. Isso é de verdade, filha. Isso é de mentirinha, mamãe está chorando porque está vendo o filme 'Água para Elefantes'.
Coisas assim.

Engraçado também em relação a temperatura corporal.
Um frio danado e eu indo trabalhar de camiseta.
Ou um calor e tanto e eu de cachecol.
Coisas da Gravidez.

E junto à tudo isso, momentos de introspecção, de 'dar-se conta' do meu novo papel: SER MÃE.
Eu já escrevi isso antes: deveria ser verbo no gerúndio.
É o tempo todo, constante, não dá pra esquecer que se está gerando uma vida.
É a bebê chutando a barriga durante a reunião com o chefe, ela mexendo-se e esticando o joelhinho enquanto conversamos com alguém, é tentar dormir com ela tendo crise de soluço e a barriga 'pulando' num ritmo constante que daria para coreografar.

Aí penso na amamentação, no depois, no rostinho dela, se vou saber fazer isso ou aquilo.
Às vezes perturba, as vezes dá uma calma.
Geralmente, tenho uma confiança que vem de almas antigas e antigas ancestrais (sou bisneta de Índia, raptada na tribo pelo meu bisavô) e me parece que simplesmente sei e saberei o que fazer.
Então me acalmo.
Já diziam meus amigos indianos: 'Mamãe em paz e feliz, bebê em paz e feliz.'

FÍSICO: VAMPIRA OU X-MEN?
O corpo transformado.

Escovar os dentes é uma aventura sangrenta que deixaria Blade tímido.
As gengivas ficam extremamente sensíveis. Não dói, mas é horrível olhar-se no espelho durante e após a escovação diária. Há dias que fio dental é impossível.
Comigo aconteceu, tem grávidas que passam sem isso.

A pele.
Até agora, a única marca da gestação de fato - tirando a barrigona - são as manchas em meu rosto.
Mesmo com os cuidados do excelente protetor solar da Vitaderm, fiquei bem 'manchadinhana' na região do nariz e bochecha.
Dá-lhe peeling ou laser pós amamentar. Já está decidido.

No restante do corpo, a pele ressaca bastante.
Nos primeiros 4 meses meus hormônios enlouquecidos me fizeram voltar para adoslescência: fiquei com acne no rosto e braço - coisa que nunca tinha tido, espinhas no braço!
Mas, como sabiamente disse o meu médico, após o 4º mes tudo voltou ao normal, ufa!
A pele do rosto ganha até um ar 'reluzente' - várias pessoas comentam isso né?! 'Grávida tem um brilho especial.' Não é pele oleosa não, gente, é algo tênue, aveludado, um luxo.

Meu cabelo deu uma alisada natural. E parou de cair.
Marido fica bravo porque adora meus cachos, eu até tento fazê-lo ondular, mas sei lá o que houve. Na foto final que tirei estou com escova, porque finalmente após 8 meses pude colorir - médicos não gostam que grávidas pintem o cabelo, respeitei o meu até onde pude.

Agora meus fios estão na cor quase natural: um fundo cobre avermelhado com mistura de loiro cinza e loiro mel. (meu cabeleireiro gosta de ver foto de quando eu era criança e o danado sabe exatamente como deixar a cor natural com essas misturas.)
(foto: a caminho do trabalho - comecinho do 8º mês)

Kilos e Inchaço
Até agora foram 12 kg. Se descontar que desses, quase 5 são da bebê (peso dela, placenta, líquido amniótico) pode-se dizer que não engordei muito.
Mas me sinto como uma elefoa.
Para quem sempre teve a balança oscilando entre 53 a no máximo 56 kg, tem sido uma surpresa a sensação pesada, letárgica e desengonçada.

Para dançar, os giros continuam tranquilos, mas os deslocamentos me fazem parecer que tomei um goró bem tomado antes de entrar em cena.
Para caminhar trajetos que eu fazia em 5 minutos, hoje levo 15.
A falta de ar que ocorre no final da gestação é assustadora, moçada!
Qualquer movimento, faz parecer que corri uma maratona.

Meu médico diz que é natural - desde que a pressão se mantenha baixa - e é resultado da compressão dos órgãos.

Comer - Fique de pé, fique de pé!

TA alimentação também mudou muito nesse último trimestre.
Eu, que sempre fui boa de garfo, agora fico triste quando vejo um tanto de comida e eu simplesmente não dou conta.
É como se tivesse feito uma cirurgia de redução de estômago: a coisa simplesmente não cabe mais.
Salomé empurrou tudo pra cima, pra ter o espaço dela.

Imaginem que onde era meu aparato digestivo, hoje é onde minha filha repousa.
O estômago sai 'do meio' da barriga e sobe, perto do pulmão. (falando bem informalmente).
Uma loucura.

Por isso muitas mulheres passam mal.
Minha sorte é que só me falta o ar.
Mas fico com  fome.
:/

Uma dica bem legal foi uma enfermeira que me deu: fique de pé após comer, cerca de 20 minutos.
Isso é suficiente para o ar circular sem causar dor e facilitar a digestão.
Então me acostumei: logo levanto da mesa e vou lavar louça, arrumar casa...se estou em restaurante ou barzinho, levanto e fico batendo papo, ou saio a caminhar feito andarilha.
É esquisito para os outros, mas funciona muito bem.

Saúde íntima

Algumas gestantes tem recorrentes infecções de candidíase, urinária, etc.
Não tive nada.
A receita é a que já falei antes: mantenha seus hábitos de higiene e deixe a 'área' arejada. O máximo que puder, fique sem calcinha.
E cuide-se na troca delas quando precisar usar. Devido ao excesso de xixi (resultado da compressão da bexiga) a gestante precisa ficar atenta à higiene.
Eu brinco com meu marido que morro de medo dos aromas.
Grávida que não se cuida cheira a xixi. Pós grávida cheira a leite.
Não quero nenhum dos dois! Prefiro o aroma dos meus Lolita Lempicka.


Estrias - Leia o rótulo!

Já citei anteriormente os melhores cremes: Emulsão Universal, Erva - Doce da Avon, e Aveia da Corpo e Alma.
Descobri que, enquanto eu pagava R$ 60,00 no Universal, o Erva Doce da Avon - que não chega a R$ 20,00 tem EXATAMENTE a mesma composição do primeiro.
Use e abuse.
O grande segredo é URÉIA ou UREA.
Apareceu essa palavra na composição: COMPRE E USE sem medo.


É a fórmula mágica que além de hidratar, cria uma camada protetora que impede a liberação de água da pele.
Eu costumo usar pelo menos duas vezes por dia e quando sinto a pele coçar.
São 36 semanas e, até agora, nenhuma estria.

MAPA de Veias
Sem estrias, porém mapeada de veias.
O corpo vira um mapa com tons esverdeados e arroxeados - eu que sou branca, uma coisa!
Mais um resultado das mudanças internas. Você vê seu corpo sendo nutrido e modificado pelas linhas. Veias coloridas e imensas levando nutrição.
Eu que adoro uma tatoo, acho um barato.
Dizem que depois do parto tudo volta ao normal.
Não tive varizes, mas tem grávida que tem e muito! A dica é: pernas elevadas, pelo menos uma vez ao dia.

Rosto inchado - Nariz de monstro
Infelizmente, algumas grávidas mudam dessa forma.
Segundo meu médico, relacionado ao excesso de calor e à pressão um pouco alta.
Meu rosto não mudou, pelo menos não devido a isso.
Devido aos kilos a mais fiquei mais 'bochechuda' mas nada desse inchaço não.
Sou sortuda também porque Salomé vai chegar no friozinho, e esse clima ajuda a não inchar tanto.
Para evitar: movimente-se! seja caminhando, seja na piscina ou aulas de dança light, mas movimente-se! Nada de render-se e fica o dia todo deitada!



Vida Social - Círculo de Amigos
Eu sempre peço as mais próximas: me avisem se eu ficar como essas grávidas chatas, que só falam no bebê.
A surpresa tem sido essa: elas é que pedem pra eu falar, perguntam, fazem mil colocações e tiram dúvidas. Engraçado.
Algumas 'amizades' sumiram - bem poucas, mas infelizmente aconteceu.
A vida da grávida muda sim. O sono chega mais cedo, o desconforto as vezes não permite ficar badalando até mais tarde. E eu, que sempre adorei uma cervejinha nos finais de semana, parei por completo assim que soube da gravidez.
Como parei de beber e promover festinhas, algumas pessoas simplesmente sumiram. Sabe aquele ditado: 'Acabou a cerveja, acabou a amizade?' Pois é. Uma pena. :/
Até deixam mensagens no celular e Msn perguntando 'e aí como vai' mas de fato: quem quer saber aparece, visita, se faz presente.
É um bom indicativo pra saber como era de fato a amizade, não é?! Ou pelo menos o grau de maturidade da pessoa. Tem gente que simplesmente não entende nossa necessidade de ficar quietinha, descansar, diminuir o ritmo.
(foto: dançando, final do 8ºmês)

Em compensação tem amigos que viram anjos! Telefonam, escrevem, mandam presentinhos, abraçam, ai tudo de bom!
Nunca fui tão paparicada e já me pego pensando como vai ser depois que ela nascer... vou sentir falta de tanto dengo!
Também tem aquelas pessoas iluminadas e que sabem se colocar no lugar do outro. Compreendem o estado alterado da gestante e nos poupam de assuntos pesados, de pequenas discussões, de tristezas e fofocas.
Um achado!

Tem também os 'sem noção' nenhuma, que se aproximam pra contar de 'fulana perdeu o bebê', ' que sicrana estava bem, mas na hora do parto teve um treco', só falam de doença ou morte e ainda os que adoram um carnaval e tempestade só pra testar nosso nível de controle.

Aprendi a blindar Salomé de tudo isso, mentalizando e sussurrando baixinho: ''Essas pessoas filha, são as 'sem noção'. Um dia você vai conhecê-las e ter muita pena delas.'
Pronto, resolvido.

Das coisas que sinto falta:
- café;
- corrida e alongamento;
- cerveja e tequila;
- treinos de 2,3 horas de dança;
- pintar o cabelo todo mês ou alisar com químicas;
- usar mini blusa  e jeans;
- comer pão caseiro e pizza (quase inteiros, atualmente só dois pedaços :/)
- coca- cola todo santo dia;
- assistir filmes de terror;

Acho que depois da amamentação, vou entrar numa semana de matar a saudade de todas essas coisas.
Aí vou morrer.rs.

Eu e Marido, final do 7º mês

Um bebê a caminho - O Universo não desistiu!
Fora todas essas coisas, tem essa sensação gostosa do divino, do sagrado.
Sentir e ver a barriga mexendo, falar com a bebê e ela responder com movimentos, olhar-se no espelho e reconhecer-se farta, parruda, saudável e disposta.
Isso é SER MÃE!
Ter um olhar sereno que de repente vem tornando-se acolhedor, paciente, às vezes sábio.

Uma aura de paz paira o ambiente em alguns momentos e eu me pego reagindo de maneiras que não faria antes.
Tudo fica menor, perde o significado e os dramas.
Agora sou duas, eu me lembro.
Estou poderosa, de alguma maneira, que só outras gestantes entenderão.

Sábado, dia 02 de Julho terei meu evento de dança do estúdio.
Irei dançar um solo com os violinos de Korsakov (Sharazade) e um mix de uma música especial.
Será minha despedida - licença pré-perto - da Dança.
Em Dezembro, volto a dançar já com minha filha nos braços.

Como Psicóloga, encerro as atividades no comecinho de Julho, para 4 meses depois, voltar.

É ciclo de despedida e recomeço.
Uma Luciana nova se vai e outra virá.

A Triskle se completa: de moça, passo a ser mãe.
Um dia, talvez, a anciã.
Aliás, esse símbolo será minha próxima tatoo, que farei assim que meu médico liberar.

Estou muito feliz por estar cumprindo o ciclo.

Principalmente por fazê-lo cercada de tanto amor, compreensão, gestos de carinho e o olhar amoroso dos que torcem por mim.

Agradeço, em especial:
As amigas blogueiras que me enviaram cartas e presentinhos para Salomé.
Às minhas alunas e família que simplesmente me deram o enxoval completo - e que vou usar pelos próximos 2 anos!
Aos amigos daqui e dali que se fazem presentes, de alguma maneira.
Ao meu marido. É um privilégio ter alguém como ele me acompanhando nesse processo.
E ao meu médico, Dr Paulino, instrumento do Divino, cuidando de mim com bom humor e seriedade, sim, isso é possível.

A todos que lêem esse blog: obrigada por acompanhar esse momento!
Encerra-se aqui os posts temáticos sobre GRAVIDEZ.

Em outros tempos, talvez virão os posts sobre MATERNIDADE.
Ou não. rs
Sei que ter um bebê consome tempo, sei que estão curiosos em saber quando Salomé chegar, mas calma, tudo irá acontecer na medida, ok?!

Deixo vocês com essa foto fresquinha, que acabei de tirar: 
Hoje, 24 de Junho, quando completo as 36 semanas.
De mim e Salomé, para vocês.
beijo todos!
Lu

Hoje, 36 semanas completas.







sexta-feira, 17 de junho de 2011

Inversão de Valores - Ou: Ser rígida é ser grossa?

Da dança e da vida, tudo junto a misturado.



Tudo o que sei sobre DISCIPLINA e ORGANIZAÇÃO devo à minha primeira professora de Ballet, Mariane Nakao.
Sou grata à ela por ter me ensinado os ganhos de se fazer TUDO com esmero e qualidade.
As tentativas da minha mãe nunca funcionavam (até o dia em que ela convidou uma amiga pra entrar e ver a bagunça do meu quarto) mas nos demais itens da vida, foi Mariane quem me mostrou com seu exemplo e sua rigidez os benefícios de ser impecável em tudo - pelo menos tentar.

Fiz Ballet em uma época em que era proibido entrar na aula mascando chiclete, com o cabelos em desalinho e o uniforme sujo. A higiene, o asseio e os cuidados ao vestir-se eram o primeiro passo a ser aprendido pela bailarina.

Minha professora jamais permitiu ser interrompida enquanto explicava - isso fazia com que as aulas rendessem horrores, e o silêncio e o respeito que pairavam na sala eram algo que me arrepia até hoje.

Hoje?

Alunas entram na aula falando ao celular, mascam chicletes, bala e outras gororebas de boca aberta, vem à aula com shorts curtíssimos  -quando não de jeans e dizem 'ai esqueci o uniforme' - conversam durante explicações, questionam horários e ensaios, faltam demasiado e ainda reclamam quando não repassamos as coreografias ou novidades que perderam.


Péra aí!!

Que inversão de valores é essa??

Não posso com isso não, sou da velha guarda, das antigas, do tempo em que ostentar uma fita no cabelo e quebrar o breu com a sapatilha era algo quase sagrado e venerado.

Nas MINHAS aulas eu não permito essas inversões e não tenho o menor receio em bradar isso, se necessário for, aos gritos e palavras em tom imperativo.

Ah, tá, isso é chamado de 'grosseria' para quem erra, é preciso deixar claro.
Pra você é grosseria meu bem, mas para mim é padrão de qualidade.

Acho um absurdo a aluna faltar e depois vir na maior carinha de fazer pena dizendo: 'ai, mas eu não sabia disso, ninguém me avisou.'


Então espera: temos mais 7 na turma, cada uma com seus compromissos e afazeres, a fulana falta e EU tenho a obrigação de sair avisando sobre o que perdeu? repassar tudo de novo por causa de 1 pessoa?
Sou do tempo que quando a gente faltava na escola ou qualquer outra aula, ligava pra amiga perguntando o que tinha acontecido e pedia o caderno emprestado para não ficar de fora na próxima aula.

''Ai, mas meu e-mail não abre, não recebi o que me enviou, meu computador quebrou.'

Problema é seu, não meu.

Vá a uma lan house, peça ao namorado para usar o pc por uns minutos, verifique sua caixa de spam, mas não me venha incomodar com os SEUS problemas.

Como vai ser quando você crescer e for trabalhar? 
Vai dizer para o seu chefe no meio da reunião ''ai eu não sabia?'
Sabe o que vai acontecer, meu bem? DEMITIDA.
Outra pessoa competente e organizada irá tomar o seu lugar.

Você vive esquecendo as coisas, pede emprestado e demora séculos para devolver- quando devolve - não tem cuidado com as coisas dos outros, não guarda o que usou... deixa o tempo passar baby.
Não estranhe quando as pessoas pararem de passar responsabilidades para você, ou começarem a deixar de te contar coisas, te chamar para ser destaque em algo... essa falta de cuidado, organização e capricho só levam a um lugar: o esquecimento.
As pessoas começam a associar o seu nome a alguém 'descabeçada, aérea, distraída... não confiável!'

Eu sempre falo para as minhas alunas que A DANÇA É COMO NA VIDA.
Horários, organização, empenho, dedicação, respeito, pontualidade... se você adquire esses hábitos, só tem a ajudar.
A GENTE APRENDE A SER EXCELENTE EM TUDO O QUE FAZ.

Com o  tempo, se torna hábito, o hábito se torna sua marca registrada e as pessoas confiam em você, respeitam você.


Adoro aquela pequena história de RH sobre o chefe e as frutas (autor desconhecido). Vamos relembrar?

''Um funcionário vai reclamar com o chefe porque um novato chegou e em tão pouco tempo já ganha promoções e destaque. 
O chefe não diz nada, pede apenas ao reclamão para ir na feira ao lado do escritório e cotar o preço de 30 abacaxis.
O reclamão questiona o porque, e perante o silêncio do chefe, vai, volta daqui a minutos e diz:
'Chefe, não tinha abacaxi lá.' 


O chefe diz: 'Só isso?' e o funcionário: 'Só.'


'Ok, diz o Chefe. Agora chame o novato e fique aqui, apenas observando.'


Quando o novato chega, o Chefe dá a mesma ordem: 'Vá lá na feira e cote o valor de 30 abacaxis.'
O Novato volta em 15 minutos e diz:


''Chefe, eles não tinham abacaxi, mas perguntei a previsão de entrega e os preços e eles irão me passar assim que os abacaxis forem entregues, isso será na próxima terça. 
Aí vi que tinham algumas laranjas em promoção e também carambola e kiwi. Como estas também são frutas cítricas e ácidas, decidi cotar os valores dessas também, caso o senhor se interesse. 
Já imprimi nesta folha para o Senhor e encaminhei uma cópia ao departamento de compras.
 Algo mais, Senhor?'


O Chefe deu um sorriso e disse: 'Não, muito obrigado. Pode voltar à sua função.'


Quando o novato saiu da sala, o Chefe perguntou ao outro funcionário:
''O que você estava querendo me dizer mesmo?'


O funcionário desculpou-se e saiu da sala, em completo silêncio.

Então... é assim que funciona na vida.

Muitos preferem reclamar, falar mal do outro, chamar o exigente de grosseiro e chato, mas depois não entendem porque a vida não lhes sorri ou  a sorte não os favorece.

Da Vida para a Dança:

A bailarina treina, não falta às aulas, fica em silêncio perante explicações, tira dúvidas pertinentes quando é cabido, procura superar a si mesma e não perde  tempo olhando a dança alheia.
É sempre organizada, tem tudo à mão, respeita o tempo da aula, aproveitando cada minuto e valorizando os valores que investe.
Depois de um tempo é convidada a ser solista, dar aulas, acaba se destacando no mercado.
E muitas ainda procuram 'questionar' os porquês do sucesso da outra...

Minhas dicas:
 não questione: trabalhe.
não lamente: supere.
não inveje: corra atrás - qdo perceber estará à frente-
não sinta-se perseguida: busque seu real valor e siga em frente.
não responda quando levar bronca ou correção, se isso aconteceu é porque você errou, mereceu: faça melhor da próxima vez e persista.

Organize sua agenda, anote prioridades, saiba o que irá te levar a benefícios.
Se uma mulher ainda vive fases de adolescente, como querer ser tratada como adulta?

Oscar Wilde já dizia: 'Nada pode apagar uma primeira impressão.'
Lembre-se de que tem sempre alguém olhando.
E aí, nunca se sabe quando algo mágico, ganho financeiro, apaixonante, alegre irá acontecer em nossas vidas.
Se você queima o seu filme, não há como recuperar depois. É igual remendar o rasgado, apagar a chama da vela. Sempre fica uma marca, um odor.
Vive-se uma vida tentando arrumar. Então, não estrague a chance.

Pensem nisso.




terça-feira, 14 de junho de 2011

''Gastar-se como uma Vela''...

Nesse Domingo, dia 12, promovi o workshop com Aziza-Mor em Guararapes-SP, no meu estúdio Mosaico das Artes.
Foi a primeira vez que uma bailarina da Khan el Khalili pisava em solo da região Noroeste do estado de SP.
(já tivemos Carlla Sillveira em uma cidade vizinha, mas ela já não pertencia ao quadro da casa.)

Foram 3 meses entre o primeiro contato e a realização do curso.
Turma fechada, vagas esgotadas.
Ser organizadora e anfitriã;bailarina e aluna; grávida de 8 meses.

Tudo deu certo, foi sucesso.
As pessoas brincam com meu jeito virginiano de ser, mas agradeço á ele pela marca registrada de tudo o que faço: organização, detalhes.

Abrir as portas do meu estúdio - que tem apenas dois anos de funcionamento - para bailarinas de cidades da região, a própria Aziza (que de 'estrela' não tem nada, chegou querendo comer pão na chapa, ficou feito criança com os presentes, fez amizades com alunas e demonstrou que merece estar onde está - foi tudo inovador, desafiador e, ufa! recompensador.

Não posso mentir: não deu taaanto trabalho assim.
A confiança nas minhas escolhas e a experiência que viagens e cursos me trouxeram facilitaram.. Foi só tratar as participantes como eu gostaria de ser tratada e me colocar no lugar da professora, como muitas vezes fui em workhops pelas Oficinas Culturais.
A naturalidade e humildade da Aziza colaboraram em muito, cujas únicas exigências na contratação foram: água disponível e cautela no uso das imagens.

Claro que a ajuda do meu marido aliviou meu stress, mas também a participação do meu grupo de alunas e professoras me fez orgulhosa ao extremo.
Como disse uma delas ao final (Marina sempre me surpreendendo): ''Obrigada por tudo que me ensinou, eu estou tranquila porque sei que o que aprendi não só nas aulas, mas com o seu bom senso, eu posso fazer aulas aqui, na Khan el Khalili, em Nova York ou qualquer lugar do mundo que sei que não vou pagar mico, vou saber me comportar e qual o meu lugar.''

Isso valeu tudo, para mim.
Não há coisa melhor do que ver sementes germinando.


A experiência foi excelente, e já temos duas novas estrelas a despontar por aqui em 2012:
Kahina e Suheil.


Me permiti chorar apenas quando deixei Aziza no aeroporto, e dei o último abraço de despedida.
Só eu sei o quanto foram significativas aquelas lágrimas.

Uma etapa foi vencida e, finalmente, uma couraça dentro de mim se quebrou.
O fato de ser do 'interiooorrrr' não me coloca abaixo de ninguém.
Não 'nos' coloca, digo isso em nome de todas nós, bellydancers que vivem suas lutas diárias e gastam suas finanças à procura de aulas, cursos e orientações nos grandes centros.

Estou satisfeita e realizada por trazer as referências dos grandes centros até nós.
Abri uma porta.
Movimentei cidades, pessoas, comércio local.
Fiz novas amigas e contatos com bellydancers da região.
Fiz inveja também, de gente que ao invés de somar, preferiu ficar de fora 'gorando' tudo.
Mas eis que toda boa ação sempre retorna, e por isso o sucesso foi absoluto.





Dei um primeiro passo e torço para demais academias e bellydancers seguirem, ousarem, participarem.



Quando cheguei em casa e lembrei-me que foi o primeiro fim de semana que não havia descansado nem cinco minutos, e minha barriga estava duríssima em contrações, dei um sorriso satisfeitíssimo. Era uma pausa merecida e bem sucedida.

E na Segunda, dia 13, fui mostrar uma das faces do sagrado para minha filha Salomé, ainda na barriga: fomos à missa de celebração ao dia de Antônio, o santo a quem admiro e respeito.
E ali, no meio da multidão, após acalmar a dança de Salomé dentro de mim enquanto os sinos tocavam, a voz do Padre Amauri ecoava com força em minha alma, lembrando do exemplo do Santo que, também como eu em minha porção pequenina e humana, foi incansável:

''Gastar-se como uma vela, iluminando à todos em prol de algo maior.''

Seja feita a Tua vontade...


Eu sigo!




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Fotos do workshop com Aziza em meu perfil no Facebook e Orkut
Vídeos no canal do meu estúdio: http://www.youtube.com/mosaicodasartes 

terça-feira, 7 de junho de 2011

De onde viemos - para onde vamos?







PONTO 1:

TAKSIM = FOLCLORE.

?
No dvd recém lançado de Lulu:
Aparece o título ''folclore'', ''taksim'' e na sequência uma bailarina executando uma dança.
A bailarina em questão é uma das mais sensuais que ja vi na vida, ela é linda e tem quadris potentes, ja a vi inumeras vezes ao vivo e em vídeos e, confesso, achei a escolha mal sucedida, porque para mim, tudo nela - desde o make, até o traje e expressões NÃO TRAZEM a leveza e instrospecção que um taksim pede. ponto.

Fiquei esperando a explicação da Lulu sobre o taksim, sobre o porquê do 'taksim' ser considerado uma 'dança' e folclórica - nunca havia lido isso até então!
Mas aí...nada!
A dança acaba e simplesmente aparecem outras danças, sem explicação nem nada e corta para um solo final da Lulu.

Eu voltei várias vezes o dvd e cheguei a comprar outro exemplar, pensando que o meu estava com defeito, juro. Fiquei esperando até mesmo uma explicação do tipo: ''saiba mais sobre essas danças do folclore no próximo dvd'', algo assim, mas nada.

Aí, terminei o dvd e fui ler a revista: ALÍVIO! 


Ali,na revista, Lulu explica num texto o significado do Taksim e menciona: '' o taksim não é necessariamente classificado como folclore''. E tem mais alguns conceitos bem definidos, que não vou transcrever por direitos autorais, por isso sugiro que comprem a revista.
Pronto, bagunça arrumada!

Só que fiquei pensando: e quem não ler atentamente a revista? ou, como muitas que não encontraram o dvd nas bancas - por mais que digam que foi lançado em todo o Brasil, recebi dezenas de mails procurando a revista - e já senti que será um dos itens mais pirateados do mercado esse ano, o dvd.
Aí a pessoa vê o dvd, não lê a revista com as demais explicações, e sai por aí acreditando e reproduzindo taksim como dança folclórica.

O que é visual e movimenta-se, vem pronto, causo impacto e absorvemos melhor. 
Porque a falta de capricho em explicar, como na revista, o conceito em vídeo?

Eu não sei se haverá um número dois, um dvd só de folclore, não sei mesmo, isso não é dito, mas eu acredito que sim pelas fotos da revista e fico ansiosa esperando.

Há de se ter cuidado SEMPRE com nossa dança.

Volta e meia nos encontramos em debates exaustivos tentando encontrar definições, nomenclatura, estilos, fusões, traduções e fontes de pesquisa.

PONTO 2

A DANÇA E OS CHAKRAS

Um assunto originalmente oriental, com funções da medicina alternativa e equilíbrio energético que virou módulo de curso de formação em Dança do Ventre.
Aguardo mais orientações, porque estou tentando entender até agora onde meu shimmie e chackra sacral se 'encaixam' para passar nos critérios da Banca da Pré-Seleção.

PONTO 3

A DANÇA DA DEUSA 

Ainda há textos e convicções acerca da Deusa presente em nossa Dança.

Um grupo do Multiply recentemente me adicionou e cotou uma palestra sobre a Deusa num encontro de dança - a ser feito - que une estudos de quadril, técnicas de deslocamento e palestra sobre o ventre criativo - e queriam que eu falasse sobre a Deusa.
Declinei o convite. Fato.

Quem estudar Antropologia vai encontrar referências que a Dança (não importa a modalidade, mas a dança 'original') teve sua função primordial de comunicação e, somente depois, passou a ser utilizada com outros objetivos, entre eles o sagrado (celebração, ritos de guerra, sedução, casamento, etc).
Com o som nasceu o gesto, e ambos primavam apenas por um objetivo: fazer-se entender, comunicar-se.

(você pode encontrar mais referências e dicas de pesquisa ao final desse texto)

Para mim, é claro o fato de: em aula, não misturar estações. senão vira culto. batismo.seita.

Sim, a dança do ventre tem seu caráter místico, devocional, mas também é Arte, migrou para escolas acadêmicas, teve sua imersão no ballet ocidental e demais modalidades de dança e atualmente é esse mix - cuja fagulha de mitologia da Deusa é apenas uma parte, e não o todo.


Não renego a Deusa, nem mitologia pagã nem nada disso, ENTENDAM BEM.


O que gosto é de definir cada qual em seu lugar, momento e hora.
Como fica dar aula de dança do ventre e falar da deusa?
:/

Não consigo 'unir' esses conceitos enquanto estudo deslocamentos, breaks, acentos, arabesques e ofertar tudo à deusa.
Enquanto pago fortunas em aulas particulares e workshops de aperfeiçoamento.
Desculpem-me.

Acredito na nossa arte, não a compreendo até hoje teoricamente falando - e acredito que isso não vá acontecer tão cedo - e vi muitas nuances nos livros e no dia a dia, principalmente depois da temporada de quase 40 dias na India- país no qual a dança pulsa nas veias de tudo e todos, com seus significados e deuses diversos e me ensinou coisas que jamais livro algum ensinou. Aliás: nunca vi o artista ser tão bem tratado como lá.

É preciso estabelecer uma 'linha' de conduta e foco: Arte, Misticismo ou apenas Dança?
Cada uma escolhe o seu.

Mas depois não reclamem de ver gente dançando Shakira no SBT e dizendo que é Dança do Ventre; não reclame da falta de critério em concursos e mostras; não reclame da fala de nomenclatura e definições de estilos, ritmos e fusões; não reclame do dono do restaurante que paga um cachê mísero para você dançar descalça no chão molhado de cerveja; não reclame das briguinhas e fãs- clubes no meio virtual.


Não me escreva comentários agressivos ou anônimos defendendo pontos de vista sem fundamentação; não poste vídeos de colegas dançando e acabando com suas performances sem referência alguma.


Sejamos livres então, de acordo com nossas escolhas - fundamentadas ou não.

Daqui a pouco teremos concursos com categorias: melhor culto à Deusa?

Se a gente não estuda, não se posiciona e escolhe o caminho, tudo fica sujeito à tudo.
E eu NÃO gosto, não escolho esse caminho abarrotado de diz que me diz, por maior que quem diga seja mestre ou ícone.

Somos todas humanas, apenas tentando dançar, porém algumas querem ouros caminhos, sejam pelo místico, racional ou sensual, não como acatar apenas um e eleger como certo - não enquanto AINDA se diverge tanto, sobre tudo. Uma hora pode, outra não pode.

Cansei.

Escolho o meu caminho de pesquisa, estudo, arte e sigo.
Torcendo pra tudo dar certo para todas nós.

HOJE vivemos em um tempo em que a dança é comercial também, há academias, métodos, curso de formação,concursos e até uma linha de sapatos (da Esmeralda LINDA!) pensando em anatomia e funcionalidade.
Dá pra colocar a Deusa junto disso tudo?
Cá pra nós: eu acho é um desrespeito com ELA.
Ela merece seu lugar de destaque, seja no altar, em nosso coração e alma, mas não espremida nesse meio todo de conceitos -e pré-conceitos - da dança do ventre.

#prontofalei.

É chegado o tempo de deixar o véu de Isis cair e encarar: nossa ARTE está perdida, infelizmente. Não há um arcabouço teórico recomendável e tampouco confiável, ao menos não imutável.
Se vamos seguir é preciso entender desde JÁ: é o SEU CAMINHO, não funciona mais julgar o do outro e querer dizer quem está certo ou errado. Isso é feio, não existe e NINGUEM está apto a apontar qualquer VERDADE sobre a Dança doVentre.

***Em tempo:
Quer aliar conhecimento à sua dança? Estude, faça cursos de formação em:
- Dançaterapia
-Arteterapia
-Eutonia

Leia Laban, William Reich, Jung, Lucy Penna, Joseph Campbell, estude Cinesiologia, Anatomia, Bertazzo.
Depois a gente conversa mais.
Leia os artigos de Jasmin Jahal, Morocco e Farida - essas POR ENQUANTO mantém um padrão teórico irrefutável.

Depois de tudo isso, escolha o seu próprio caminho, e BOA SORTE.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Amor ao Corpo


''Está errada a imagem vigente na nossa cultura do corpo exclusivamente como escultura.

O corpo não é de mármore. 

Não é essa a sua finalidade. 
A sua finalidade é a de proteger, conter, apoiar e atiçar o espírito e alma em seu interior, a de ser um repositório para as recordações, a de nos encher de sen­sações — ou seja, o supremo alimento da psique. É a de nos elevar e de nos impulsionar, de nos impregnar de sensações para provar que existimos, que estamos aqui, para nos dar uma ligação com a terra, para nos dar volume, peso.

O corpo é como um planeta. Ele é uma terra por si só.

Como qualquer paisagem, ele é vulnerável ao excesso de construções, a ser retalhado em lotes, a se ver isolado, esgotado e alijado do seu poder. A mulher mais selvagem não será facilmente in­fluenciada por tentativas de urbanização.

Para ela, as ques­tões não são de forma, mas de sensação.

O seio em todos os seus formatos tem a função de sentir e de amamentar. Ele ama­menta? Ele é sensível? Então é um seio bom.

Já os quadris são largos por um motivo. Dentro deles há um berço de marfim acetinado para a nova vida. Os quadris da mulher são estabilizadores para o corpo acima e abaixo de­les.

Eles são portais, são uma almofada opulenta, suportes para as mãos no amor, lugar para as crianças se esconderem.

As pernas foram feitas para nos levar, às vezes para nos empur­rar, elas são as roldanas que nos ajudam a subir; são o anulo, o anel que abraça o amado. Elas não podem ser criticadas por serem muito isso ou muito aquilo. Elas simplesmente são.

No corpo, não existe nada que "devesse ser" de algum jeito. 

A questão não está no tamanho, no formato ou na ida­de, nem mesmo no fato de ter tudo aos pares, pois algumas pessoas não têm. A questão selvagem está em saber se esse cor­po sente, se ele tem um vínculo adequado com o prazer, com o coração, com a alma, com o mundo selvagem. Ele tem ale­gria, felicidade? Ele consegue ao seu modo se movimentar, dan­çar, gingar, balançar, investir? É só isso o que importa.

A Mulher Selvagem aparece em muitos tamanhos, formas, cores e condições.

Mantenha-se alerta para poder reconhecer a alma selvagem em todos os seus inúmeros disfarces.''

*''Trecho de Mulheres que Correm com os Lobos'' - Clarissa Pinkola Estés