Pessoas Lindas!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os Segredos de MJ


Não sei ao certo como escrever esse post, vou deixar fluir.
Um pouco por estar meio 'grogue' devido ao remédio fortíssimo da garganta (500 mg retardam qualquer um, ainda mais uma vegetariana alérgica até a paracetamol) mas eu precisava vir aqui escrever um pouco, precisava dessa válvula de escape tão maravilhosa que são as palavras e quero compartilhar com vocês, pois talvez alguém esteja lendo e se identifique com algo.

Um ano depois, quase tudo foi escrito sobre Michael Jackson. Lembro-me que na semana de sua morte, eu escrevi um texto para o portal da Globo de Bauru, falando especificamente sobre sua maneira de coreografar. Sim, sou trintona e acompanhei MJ quando adolescente e eu tenho até hoje o vinil 'Who's Bad'. Como bailarina, eu tinha dois ícones: Mikhail Barishinikov e Michael Jackson (por mais contraditório que isso possa parecer). E, minha grande frustração foi nunca ter conseguido fazer o 'moonwalk' (também chamado backslide).

Mas eu nunca havia escrito nada sobre ele no blog, porque ele era tão genial e eu sendo tão formiguinha ainda na dança, não saberia nem mesmo escrever sobre ele!

Mas ontem, assisti 'This is It' que a Globo exibiu com o devido respeito (legendas, sem intervalos longos, um primor) e aí tive que vir aqui falar sobre o grande segredo de MJ, que foi revelado ontem.

O sucesso, a genialidade, a originalidade, tem 'o' segredo: ele não sabia ser menos, em nenhum instante.
Ele entendia desde a técnica da iluminação, aos efeitos sonoros, a nota de cada instrumento a ser tocado, concepção cênica e fazia questão de que as coisas ficassem do seu jeito.

O mais impressionante: sem perder a doçura.


Ele não ensaia, ele dá show.
O que mais me deixou de queixo caído foi que durante todo o documentário, quando diretores e equipe pediam para ele parar, ou recomeçar de um certo ponto, ele falava com sua voz doce: "Não, eu quero fazer tudo, desde o início. Solta a música. Deus te abençôe".

O corpo de baile já ofegante, e ele zerado, dando tudo de si. Diretor falando com ele, ele continuava cantando, dançando e propondo idéias sobre luz, uma nota mais prolongada, um efeito de cena.

E o 'Deus te abençôe' era quase um 'meu filho, eu sei o que estou fazendo e te perdôo por ser tão lerdo e não me acompanhar. Mas vamos, porque EU quero assim.'

Gente, eu como diretora artística teria que nascer mais 30 vezes até chegar a essa calma.

Foi a melhor lição que Michael me deixou.
Quando você sabe o que quer, não precisa mostrar isso no grito, nem na força.
Ao invés de praguejar, diga 'Deus te abençôe'.

(momento zen,né?! mas ele conseguia!)

Teve uma cena que ele insistiu para utilizar um efeito de luz, e ao perceber que a equipe estava reticente, ele soltou um 'Eu sei que você pode. Deus te abençôe'. O cara foi lá e fez. MJ não sorriu, não agradeceu, apenas seguiu cantando.

Ele era generoso.
A cena dele pedindo para a guitarrista prolongar a nota e roubar a cena foi emocionante. Ele disse: 'É o seu momento, você deve brilhar!'. Um, astro do tamanho dele, pegando pela mão a guitarrista e levando ao centro do palco, e mostrando com a voz, como deveria soar a guitarra, foi de arrepiar.



Resumindo, os segredos:
-Disciplina;
-Assertividade no trato com as pessoas;
-Generosidade;
-Conhecimento pleno da estrutura de um espetáculo e do potencial de sua equipe;
-Criatividade;
-Concentração;
-Dar tudo de si, o tempo todo.


E o respeito de todos para com ele, merecido.
Eles o chamavam de 'MJ'.
Eu o chamo de GÊNIO.

Aqui, um pequeno trecho, no qual ele interrompe o diretor e os músicos para falar sobre a necessidade do efeito de luz num determinado ponto da música.
Reparem como ele sai falando e sem se dar conta começa a cantar e a dançar, e o restante da equipe sai de cena.
No final do vídeo, a luz que ele tanto queria surge. E vocês vão ver como isso faz toda a diferença.
MJ, por isso você não está mais entre nós. Você atingiu sua perfeição.


quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Para uma Criatura de Matéria Onírica" *


Para uma criatura de matéria onírica
*Por Samara L. (Porto Alegre, 2010)


"Moça do mundo dos sonhos, entenda.
Desse mundo a gente não se desilude porque os humanos não feitos da matéria da ilusão.
Seres humanos são cheios de defeitos e fedem humanidade.
Se conseguires se acostumar ao fedor talvez encontres alguma diversão nisso tudo.

Fada de olhos perdidos, não desista.
Porque mais do que tu possas precisar da matéria da terra, nós precisamos da sua para que esse mundo não nos afunde em tanta lama.
Precisamos do teu sorriso para entender o mundo fora da carne.
Da tua sensibilidade para não esquecermos de que o mundo não precisa ser só isso.

Criança moldada ninfa, se fortaleça.
Nem que para isso tenhas de roubar a essência de meus tantos calos para formar uma capa protetora.


Que te insensibilize contra a falta de sensibilidade, a falta de caráter. O excesso de desejo, a falta de coragem, o excesso de humanidade. Contra a cegueira do mundo, as doenças medonhas e os vícios funestos.

Se fortaleça e siga, porque não queremos tuas lágrimas. Porque nos alimentamos de tua alegria. Porque precisamos de ti.
E eu preciso."

Por Samara L. (Porto Alegre, 2010)

*
A Samara escreve
neste Blog e esse conto é meu favorito.
Não, ele não é pra mim, mas eu adoraria que fosse!
Quando li, foi como se uma mão se estendesse e segurasse a minha.
Samara, publiquei sem pedir sua autorização, mas espero que não haja problema. Algo tão lindo assim, merece ser compartilhado.

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Trilhas Sonoras para emocionar sua platéia


Recebo muitos e-mails perguntando sobre as trilhas que uso nos meus espetáculos.
(Pra quem quiser conferir, todas as edições em dvd estão à venda na Loja, do meu site 'A Bailarina')

A Cia de Dança 'A Bailarina' faz espetáculos temáticos em Dança do Ventre desde 2004, e quem já teve a oportunidade de assistir sabe o quanto me preocupo com a trilha e a iluminação.

Uma dica bacana é utilizar trilhas sonoras de filmes para mexer com a emoção da platéia. O cinema é uma arte mais abrangente e praticamente quase todo mundo já viu algum clássico das telonas. Por que não utilizar a memória auditiva e criar, junto com sua dança, um momento especial no show?

Sempre que recebo as pessoas após o espetáculo, é comum alguém vir me abraçar chorando. De felicidade, ufa! Isso acontece principalmente pela música, a ferramenta mais poderosa para se 'trabalhar' o emocional do seu espectador.

'A Bruxa de Portobello' (Cia A Bailarina 2007) Utilizamos a trilha de 'Lawrence da Arábia' no número de encerramento

Unindo a dança, as cores do figurino e a luz correta, podemos 'conduzir' a emoção da platéia, como quem orquestra uma gama de coraçõs, batendo num só ritmo e sentindo uma só emoção.

Foi assim quando usei o tema 'The Kiss' durante um duo (do filme 'O último dos Moicanos'); a belíssima 'A Time for Us' (de Romeu e Julieta), e, esse ano, preparei uma super edição para 'O Mágico de Oz' (tema do meu espetáculo, em Dezembro) que mistura trilhas que vão desde músicas do filme regravadas por mitos como Ray Charles, a trilhas de 'O Senhor dos Anéis', 'Don Juan de Marco' e Harry Potter'.

E dá pra dançar?
Dá, sim. E aí é que entra o discernimento entre 'performance' e dança do ventre. Eu gosto de mesclar momentos do espetáculo, para que o público não seja estimulado penas pela sonoridade da música árabe, o tempo todo. Então, na performance, eu posso misturar diferentes trilhas (mas quase todas com um 'sabor' oriental em sua composição, e com danças que remetem à dança do ventre). Aí é ter a cautela com trajes e expressão, e pronto!

Trilhas na Abertura do evento
Esse é o principal momento em saber utilizar uma boa trilha. Imagine o burburinho da platéia, a ansiedade, o lugar lotado, a expectativa.

Marina (Cia 'A Bailarina' 2007) em performance ao som de 'The Kiss' de 'O Último dos Moicanos'

Para controlar a emoção do público e garantir o seu interesse, a abertura do evento deve ser algo de impacto, hipnótico e que, ao mesmo tempo, já 'engatilhe' ou 'linke' o público para a dança que virá a seguir.

Eu gosto de usar as introduções de Loreena Mckennitt , suas músicas são imbatíveis na criação de uma atsmofera onírica!

Aproveite para fazer o texto que resume a proposta do espetáculo, assim você já 'induz' a platéia para as emoções que virão a seguir.
A trilha do evento
Ao criar as coreografias, pense em fazer uma 'onda sonora'. Não faça danças seguidas do mesmo estilo e nem utilize sempre os mesmos ritmos. Por exemplo: não dá pra dançar 3 folclores seguidos... mas fica show se você 'mesclar' um folk, um clássico, uma percussão, na sequência das danças.

Lembre-se de escolher músicas que deixem a platéia respirar entre um número e outro, ou escolhas que deixem a emoção no 'pico' da alegria por umas duas danças seguidas, e depois uma mais calma, fluida, com véus ou velas, pra platéia acalmar.

Lembre-se que o show ideal é um crescente e o grand finale deve ser sempre o ápice!

'Deusas - Mitologia Greco Romana' (Cia A Bailarina 2008) performance com fitas ao som de Loreena Mckennitt

Para isso, nada de utilizar músicas que terminam com fade (quando o som vai abaixando), e, gravações ao vivo, só se for essencial. Geralmente fica estranho no palco.

Uma pesquisa americana demonstrou que o tempo limite de atenção fixa da platéia em musicais e dança gira em torno de 3'45'' a 4'00 minutos por coreografia. Depois disso, o público começa a digavar.

Ou seja: quer músicas maiores? Seja MUITO CRIATIVA. Porque se, ao menos o público se distrair com a música, o movimento de sua dança vai trazê-lo de volta. (claro, se for um evento específico e direcionado, nenhum problema em usar as clássicas lindas e grandiosas de 8 a 13 minutos. desde que a coreo seja um arraso!)

Espetáculos com mais de duas horas de duração? Faça um pequeno intervalo. Por mais lindo que seja, pouca gente aguenta, por mais confortável que seja a cadeira do teatro, ficar sentada por tanto tempo.
Meus eventos da Mostra nunca ultrapassam uma hora e meia. Primeiro, porque infelizmente as cadeiras do teatro daqui não são nada confortáveis. Segundo, pra deixar um gostinho de quero mais na platéia.

Quando é Festival e geralmente dura mais de duas horas, eu gosto de mesclar música ao vivo, estilos diferentes, assim a platéia sente-se renovada durante o show.

Estudar sobre Musicoterapia e os efeitos da Música ajuda muito a compor seu mapa emocional do público. Minha pós em Arteterapia me ensinou muito sobre como trabalhar as diferentes nuances emocionais através da música. (deixar a platéia alegre, apaixonada, curiosa, divertida...tudo faz parte da escolha da trilha!).

Cuidado com o seu emocional no momento da escolha
Se você perceber que está num dia 'extremo' (agitada demais, ou tristonha, ou até mesmo em TPM) deixe para escolher a trilha do seu evento num outro dia. Melhor não se deixar influenciar pelo seu estado de espírito.

Eu costumo reservar muitas horas por dia para escolher a trilha ideal do espetáculo. Geralmente são mais de 50 cd's até encontrar todas as trilhas. E ainda assim, depois de tudo escolhido, eu fico sem ouvir por uma semana, uns dias. Depois ouço novamente e analiso se é isso mesmo. Lembre-se: o espetáculo é para o público. Ele merece ter uma 'viagem musical' que o deixe feliz, acima de tudo!

Procure no Orkut, Torrent e Multiply 'downloads de trilhas sonoras' e boa sorte!

Dica de trilha sonora de filmes
(Muitas com um 'sabor árabe' que você pode usar para compor duos, trios, números especiais com candelabros, espadas, véus e performances):

Deusas-Mitologia Greco Romana (Cia A Bailarina 2008) o número de abertura foi ao som de Yanni
"Don Juan de Marco"
"Kamasutra"
"O Senhor dos Anéis" (3 volumes)
"O Príncipe do Egito"
"Lawrence da Arábia"
"O Paciente Inglês"
"Sob o Céu que nos Protege"
"O Mercador de Veneza"
"Romeu e Julieta"

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Cia de Dança 'A Bailarina'
Abertura do Espetáculo 'Deusas -Mitologia Greco Romana' (2008)
ao som de Yanni




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Caso você queira uma assessoria especial para o seu espetáculo, ou ajuda na edição das músicas, fale comigo! arrudaluciana@yahoo.com.br
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Vídeos dos espetáculos da Cia A Bailarina, veja no meu canal: www.youtube.com.br/luarruda
Bom show!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Minha paixão por... Gilberto Gil

Porque você ama a Arte, porque você nunca deixou de se encantar, porque você é um sábio, um poeta, um homem de bem.
Amo você.
Um dia quero te ver, pessoalmente. Meu sonho.
Segue firme, meu lindo...


sábado, 5 de junho de 2010

Never Say Never...

'Nunca diga Nunca'...

E lendo os muitos spams divulgando cursos, palestras e aulas, fico aqui me perguntando: onde estou? para onde vou?

Antes, 'a long time ago'... a soberania da dança do ventre, por consequência o senso comum postulava que: 'Dança do Ventre não tem nada de Deusas, rituais, batismos. Nasceu no antigo Egito, não se sabe onde e nem quando'.
Hoje, palestras e cursos sobre Deusas, Feminilidade e o Sagrado, Resgate da auto estima, chackras e afins.

Antes, fazíamos aula na academia, ou numa pequena sala/estúdio com alguns véus pendurados, as vezes nem colchonete tinha.
Hoje, além da sala de aula, tem sala de vídeo, lanchonete, spa, terapia, mil modalidades extras de dança, colchonete, almofada, cadeira, biombo, vaso, flor, café, sanduíche.

Antes, a secretária da academia, que servia pra receber mensalidade e atender o telefone.
Hoje, tem a secretária, a assessoria para shows, assessoria de imprensa, assessoria pessoal, psicóloga, personal.

Antes, dança do ventre era dança do ventre, vamos respeitar a colônia árabe, etc e tal.
Hoje, depois das misturas tango, samba, poá, ballet, indiana temos a dança cigana, o fan veil, o véu duplo, as fitas e... o que mais será que vem por aí?

Antes, figurinos bicolores, combinadíssimos, e ai daquela que usasse o véu em outro tom.
Hoje, modelos que deixariam até o 'L'enfant terrible' da Moda assustado, temos uma profusão de cores, texturas, véus, estampas que vão desde bandeiras, flores, faces a combinações que deixariam qualquer Monet sem criatividade. E, com uma maioria copiando e achando o 'glamour'.

Antes, bailarina entrava em cena concentrada, emocionada, dançava o que o pulsar da música pedia e o coração sentia e emocionava.
Hoje, bailarina entra em cena desfilando o figurino inusitado, se enrola no véu para causar impacto, dança pedindo aplauso da platéia e deixa a gente querendo mais.

Ou será que só sou eu de mau humor?
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Manual 'Como usar este Blog' Adverte:
Antes de lerem mas não 'interpretarem' o texto e comentar, já vou logo avisando:
nada contra fusões, fan veil, dança cigana e afins. Leiam de novo. Entenderam?
Senão, peçam ajuda.
Luana Mello, que saudade de você!
:)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Para Divienne

Quando cheguei assustada em sua casa, seu olhar logo me acalentou.

Esses olhos grandes sondavam os meus e logo de início discutimos sobre a cor deles. Você, elogiava o verde dos meus e eu encantada com o escuro acolhedor dos seus.

Quando você me mostrou o seu diário eu sorri e deixei anotado ali palavras pra você seguir.

Você sussurrou em meu ouvido: 'Quero ser como você.'

Eu chorei, claro, sempre choro.

Você me disse que queria fazer faculdade, usar jeans e que não iria usar o sári, jamais.

No último dia, você ficou praticamente colada em mim, sempre em silêncio e me observando tanto, que eu mal sabia o que fazer.

No momento do adeus, você segurou minha mão e me disse, novamente: 'Quero ser como você.'



Muitas saudades, minha pequena menina.

Foram poucos dias em sua casa, sua família.

Mas seu olhar profundo me marcou.



E, não, não seja como eu.

Seja você, sempre.



Amo você, Divienne.

Espero revê-la um dia, na India. E também adoraria ver você aqui, no meu país, livre e feliz, usando seu jeans.




Divienne, a filha caçula da família de Balaghat, India, que me hospedou por 3 dias