PONTO 1:
TAKSIM = FOLCLORE.
?
No dvd recém lançado de Lulu:
Aparece o título ''folclore'', ''taksim'' e na sequência uma bailarina executando uma dança.
A bailarina em questão é uma das mais sensuais que ja vi na vida, ela é linda e tem quadris potentes, ja a vi inumeras vezes ao vivo e em vídeos e, confesso, achei a escolha mal sucedida, porque para mim, tudo nela - desde o make, até o traje e expressões NÃO TRAZEM a leveza e instrospecção que um taksim pede. ponto.
Fiquei esperando a explicação da Lulu sobre o taksim, sobre o porquê do 'taksim' ser considerado uma 'dança' e folclórica - nunca havia lido isso até então!
Mas aí...nada!
A dança acaba e simplesmente aparecem outras danças, sem explicação nem nada e corta para um solo final da Lulu.
Eu voltei várias vezes o dvd e cheguei a comprar outro exemplar, pensando que o meu estava com defeito, juro. Fiquei esperando até mesmo uma explicação do tipo: ''saiba mais sobre essas danças do folclore no próximo dvd'', algo assim, mas nada.
Aí, terminei o dvd e fui ler a revista: ALÍVIO!
Ali,na revista, Lulu explica num texto o significado do Taksim e menciona: '' o taksim não é necessariamente classificado como folclore''. E tem mais alguns conceitos bem definidos, que não vou transcrever por direitos autorais, por isso sugiro que comprem a revista.
Pronto, bagunça arrumada!
Só que fiquei pensando: e quem não ler atentamente a revista? ou, como muitas que não encontraram o dvd nas bancas - por mais que digam que foi lançado em todo o Brasil, recebi dezenas de mails procurando a revista - e já senti que será um dos itens mais pirateados do mercado esse ano, o dvd.
Aí a pessoa vê o dvd, não lê a revista com as demais explicações, e sai por aí acreditando e reproduzindo taksim como dança folclórica.
O que é visual e movimenta-se, vem pronto, causo impacto e absorvemos melhor.
Porque a falta de capricho em explicar, como na revista, o conceito em vídeo?
Eu não sei se haverá um número dois, um dvd só de folclore, não sei mesmo, isso não é dito, mas eu acredito que sim pelas fotos da revista e fico ansiosa esperando.
Há de se ter cuidado SEMPRE com nossa dança.
Volta e meia nos encontramos em debates exaustivos tentando encontrar definições, nomenclatura, estilos, fusões, traduções e fontes de pesquisa.
PONTO 2
A DANÇA E OS CHAKRAS
Um assunto originalmente oriental, com funções da medicina alternativa e equilíbrio energético que virou módulo de curso de formação em Dança do Ventre.
Aguardo mais orientações, porque estou tentando entender até agora onde meu shimmie e chackra sacral se 'encaixam' para passar nos critérios da Banca da Pré-Seleção.
PONTO 3
A DANÇA DA DEUSA
Ainda há textos e convicções acerca da Deusa presente em nossa Dança.
Um grupo do Multiply recentemente me adicionou e cotou uma palestra sobre a Deusa num encontro de dança - a ser feito - que une estudos de quadril, técnicas de deslocamento e palestra sobre o ventre criativo - e queriam que eu falasse sobre a Deusa.
Declinei o convite. Fato.
Quem estudar Antropologia vai encontrar referências que a Dança (não importa a modalidade, mas a dança 'original') teve sua função primordial de comunicação e, somente depois, passou a ser utilizada com outros objetivos, entre eles o sagrado (celebração, ritos de guerra, sedução, casamento, etc).
Com o som nasceu o gesto, e ambos primavam apenas por um objetivo: fazer-se entender, comunicar-se.
(você pode encontrar mais referências e dicas de pesquisa ao final desse texto)
Para mim, é claro o fato de: em aula, não misturar estações. senão vira culto. batismo.seita.
Sim, a dança do ventre tem seu caráter místico, devocional, mas também é Arte, migrou para escolas acadêmicas, teve sua imersão no ballet ocidental e demais modalidades de dança e atualmente é esse mix - cuja fagulha de mitologia da Deusa é apenas uma parte, e não o todo.
Não renego a Deusa, nem mitologia pagã nem nada disso, ENTENDAM BEM.
O que gosto é de definir cada qual em seu lugar, momento e hora.
Como fica dar aula de dança do ventre e falar da deusa?
:/
Não consigo 'unir' esses conceitos enquanto estudo deslocamentos, breaks, acentos, arabesques e ofertar tudo à deusa.
Enquanto pago fortunas em aulas particulares e workshops de aperfeiçoamento.
Desculpem-me.
Acredito na nossa arte, não a compreendo até hoje teoricamente falando - e acredito que isso não vá acontecer tão cedo - e vi muitas nuances nos livros e no dia a dia, principalmente depois da temporada de quase 40 dias na India- país no qual a dança pulsa nas veias de tudo e todos, com seus significados e deuses diversos e me ensinou coisas que jamais livro algum ensinou. Aliás: nunca vi o artista ser tão bem tratado como lá.
É preciso estabelecer uma 'linha' de conduta e foco: Arte, Misticismo ou apenas Dança?
Cada uma escolhe o seu.
Mas depois não reclamem de ver gente dançando Shakira no SBT e dizendo que é Dança do Ventre; não reclame da falta de critério em concursos e mostras; não reclame da fala de nomenclatura e definições de estilos, ritmos e fusões; não reclame do dono do restaurante que paga um cachê mísero para você dançar descalça no chão molhado de cerveja; não reclame das briguinhas e fãs- clubes no meio virtual.
Não me escreva comentários agressivos ou anônimos defendendo pontos de vista sem fundamentação; não poste vídeos de colegas dançando e acabando com suas performances sem referência alguma.
Sejamos livres então, de acordo com nossas escolhas - fundamentadas ou não.
Daqui a pouco teremos concursos com categorias: melhor culto à Deusa?
Se a gente não estuda, não se posiciona e escolhe o caminho, tudo fica sujeito à tudo.
E eu NÃO gosto, não escolho esse caminho abarrotado de diz que me diz, por maior que quem diga seja mestre ou ícone.
Somos todas humanas, apenas tentando dançar, porém algumas querem ouros caminhos, sejam pelo místico, racional ou sensual, não como acatar apenas um e eleger como certo - não enquanto AINDA se diverge tanto, sobre tudo. Uma hora pode, outra não pode.
Cansei.
Escolho o meu caminho de pesquisa, estudo, arte e sigo.
Torcendo pra tudo dar certo para todas nós.
HOJE vivemos em um tempo em que a dança é comercial também, há academias, métodos, curso de formação,concursos e até uma linha de sapatos (da Esmeralda LINDA!) pensando em anatomia e funcionalidade.
Dá pra colocar a Deusa junto disso tudo?
Cá pra nós: eu acho é um desrespeito com ELA.
Ela merece seu lugar de destaque, seja no altar, em nosso coração e alma, mas não espremida nesse meio todo de conceitos -e pré-conceitos - da dança do ventre.
#prontofalei.
É chegado o tempo de deixar o véu de Isis cair e encarar: nossa ARTE está perdida, infelizmente. Não há um arcabouço teórico recomendável e tampouco confiável, ao menos não imutável.
Se vamos seguir é preciso entender desde JÁ: é o SEU CAMINHO, não funciona mais julgar o do outro e querer dizer quem está certo ou errado. Isso é feio, não existe e NINGUEM está apto a apontar qualquer VERDADE sobre a Dança doVentre.
***Em tempo:
Quer aliar conhecimento à sua dança? Estude, faça cursos de formação em:
- Dançaterapia
-Arteterapia
-Eutonia
Leia Laban, William Reich, Jung, Lucy Penna, Joseph Campbell, estude Cinesiologia, Anatomia, Bertazzo.
Depois a gente conversa mais.
Leia os artigos de Jasmin Jahal, Morocco e Farida - essas POR ENQUANTO mantém um padrão teórico irrefutável.
Depois de tudo isso, escolha o seu próprio caminho, e BOA SORTE.