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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

(Des)construindo Cisne Negro (Black Swan)


*ATENÇÃO contém spoiler -se você ainda não assistiu o filme, não leia.
*Para melhor análise, assiste aos 'filmes referência' para ampla compreensão do texto.

Finalmente assisti 'Cisne Negro', estava ansiosa para ver depois de tanta mídia e da indicação da Natalie Portman, de quem sempre fui fã, principalmente depois de 'Sombras de Goya'.
Decidi escrever um pouco, porque fiquei com a mente cheia de idéias, e se tem algo que eu amo nesse mundo é escrever - mesmo que para eu mesma.

'Cisne Negro' tem sido bradado pela imprensa e crítica como um GRANDE SUCESSO, 'O' filme, algo incrível e que trazia uma nova visão dos bastidores do ballet e companhias de dança.

Pois bem, para MIM o filme não correspondeu a nenhuma dessas expectativas.


É preciso ser justa: é um bom filme. Mas ja dizia alguem 'O bom é inimigo do melhor.'
É um filme, simples assim.
Boas cenas, boa trilha, bons figurinos, bons atores.
A Natalie Portman realmente arrebenta, um escândalo essa mulher. Entrega total, linda e convincente ao extremo. A capacidade expressiva dela é algo louvável.
MAS aí veio a primeira decepção:

Anunciaram tanto a dedicação dela nas 10,12 horas de treino diários de Ballet - ela ja havia feito ballet na adolescência e retomou as aulas por ocasião do filme.
Só que a CENA que mais GOSTEI em se tratando da dança e expressividade, foi feita por uma DUBLÊ.
Essa aqui ó, conheça Debra Levigne.



A história de que o filme trazia revelações sobre os bastidores e realidades de companhia de dança - inclusive as insinuações de lesbianismo NÃO TÊM NADA DE NOVO.

Foi até demonstrado com superficialidade e o enredo bebeu nas fontes de filmes que retrataram a competição, ciúmes, pressão, exaustão e até mesmo o lesbianismo com mais profundidade e criatividade, como vou citar agora em vários 'filmes referência', para desconstruir o que a mídia proclamou como 'novidade' e 'um novo olhar'.

Companhias de Dança - bastidores e situações

'Os Embalos de Sábado Continuam' (Staying Alive)
-com o John Travolta - quando magro;

'Chorus Line'

'O Curioso Caso de Benjamim Button'

'Honey -No ritmo dos seus sonhos'


A dedicação e entrega da bailarina também foi melhor explorado em:

'Castelos de Gelo'- aqui troca-se a bailarina pela patinadora

'Silêncio como Gelo' - bailarina - dizem que inspirado em fatos reais

O fator que seria o ponto chave do filme, o 'processo' de enlouquecimento na busca da entrega total e 'incorporação' do personagem, também ja foi muito bem sinalizado no excelente:

'Shine' - Brilhante - retrata a vida do pianista David Helfgott, que surta após concluir a tão sonhada performance.

Bem, desvio de personalidade? Múltiplas personalidades?Esquizofrenia?
Nem precisava, mas vou citar:

'Gêmeos - Mórbida Semelhança - do mestre Cronenberg

'Síndrome de Caim'

'Identidade'

E a referência maior e melhor de todas: 'Psicose'.


O filme é bacana, gostoso de ver, tem lindas cenas do Ballet Clássico e temos a Natalie Portman atuando como se estivesse em casa, ver as transformações do seu rosto fazem valer a indicação ao Oscar.

Mas tratar 'Cisne Negro' como FILMÃO e CLÁSSICO, é limitar a criatividade e tentar apagar os ótimos filmes que versaram sobre a mesma temática antes.


Para mim, o que valeu o filme foi uma das danças finais (justo a com dublê! :/ ) na qual a atriz finalmente se transforma - com ajuda de computação gráfica, o que poderia deixar subentendido - no 'Cisne Negro'.
A dança foi linda, impecável, me fez chorar. ALI é possível ver nos olhos a entrega da Natalie e, para mim, não há nada mais lindo que o olhar do artista em seu momento de êxtase.

No mais, ANTÔNIO PRATA fala por mim. Eu concordo em tudo!
Leia a crítica dele aqui.

E vejam a dança que valeu o filme (apesar da dublê):








Para quem quiser brincar de Cisne Negro, tem tutorial do make aqui:









E achei o vídeo - velhinho e em condições ruins - mas dá pra ver um pouco do musical que eu achei bem mais interessante, em se tratando de companhia de dança e dedicação de bailarinos.
E, sim, eis John Travolta em cena, bem anos 80: