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domingo, 2 de janeiro de 2011

O Clone Revisitado


Nove anos depois, 'O Clone' volta ao ar no dia 10 de Janeiro, na Globo.

Exportada para 91 países, trilha, texto e elenco premiadíssimos, a novela foi a responsável pelo boom mundial da Dança do Ventre. Sim, nós podemos dividir a Dança do Ventre no Brasil em antes e depois de 'O Clone'.

Na época, nossa estrela maior era Cláudia Cenci, a responsável por ensinar as globais a dançar.
Hoje Cláudia vive na Espanha, tem escola, companhia de dança e grife de roupas.
Ela generosamente dividiu seu momento top de estrela com muitas expressões da dança em nosso país e no decorrer dos 8 meses de novela tivemos na Globo aparições desde Tony Mouzayeck a Sharazade.

Cláudia Cenci
Claudia poderia ter feito fortuna, mas primou pela ética, elegância e não se aproveitou do momento para inflar a agenda de workshops e estrelismos de diva.
Eu aprendi a admirar imensamente Cláudia e olha que não deve ter sido fácil ensinar Giovana Antonelli a dançar em tão pouco tempo. Eu senti vergonha alheia muitas vezes nas danças da 'Jade' Antonelli, mas é preciso ser justa: ela é atriz, e não bailarina.

O fato é que tudo que Cláudia Cenci não fez, foi feito por milhares e milhares de outras bailarinas do Brasil. Eu, inclusive.

Pessoas com pouquíssimo tempo de experiência e prática, aproveitaram-se da procura do mercado e começaram a dar aulas.

No meu caso, o que fez toda a diferença é que eu já dançava há dois anos e minha primeira professora era seguidora fiel de Lulu . Eu assumi o compromisso de, se fosse dar aulas, deveria aprender com a melhor, e iniciei minha saga de de aulas particulares e cursos em SP, há 800k m de onde moro, para oferecer qualidade as minhas alunas, isso começou em 2001 e perdura até hoje.

Deixando de falar de mim, penso nas que fizeram o caminho inverso.
Aprenderam a dançar com a dança da atriz, e não da bailarina. Viram a novela, compraram os cds da trilha (foram lançados cd's nacionais e internacionais, e um totalmente instrumental, 'Maktub' que tinha coisas boas, até).

Essas 'bailarinas' atenderam o mercado ensinando o que não sabiam. Era um mix de dança com véu, espada, taças, cintos de moedas, maquiagem sofrível e as músicas sem nada de sofisticado.

Os braços eram molduras tortas, a meia ponta era meia boca, os véus tinham uma fúria de tecido mal escolhido mas as apresentações lotavam, as bailarinas realmente se achavam bailarinas e professoras e o resto é história que ressoa até os dias atuais.

Dessa safra Clone, eu penso que: só tem valor quem conseguiu ficar no mercado até hoje. Foram quase 10 anos pós Clone, e eu fico feliz por saber que o próprio mercado escolheu quem merecia continuar.

Giovana Antonelli, como 'Jade'

Não se faz um mau trabalho e permanece-se no caminho. Ainda bem!

Eu sempre digo que tem público pra tudo, pro bom e ruim. A diferença é que, daqui a dez anos, somente o bom continua.

Agora, é observar a nova safra. Novas professoras instantâneas virão, novas alunas querendo dançar para o Said ou Lucas de suas vidas, mas a Arte mesmo, essa sempre sobrevive.
Ainda bem!

'O Clone' teve seus méritos, porque nos fez buscar a elegância e a história por detrás da telenovela, graças ao tema muito foi pesquisado e nos possibilitou fazer escolhas.

Eu comecei a dançar antes do Clone, mas foi durante que me deu aquela vontade maluca de ir além, porque meu olhar buscava algo maior do que Jade dançando.

Para as que ainda não tem esse olhar, eu apenas espero... um dia elas irão assistir uma apresentação de BAILARINA e, espero, percebam a diferença.

A diferença entre Show e entretenimento, entre Espetáculo e festival, entre Originalidade e Modismo, entre Pesquisa e achismo, e entre Artista e arteira.

Cabe as que estão no mercado e realizam um bom trabalho, explicar didaticamente essas diferenças e primar pela arte da nossa Dança.
Do mesmo jeito que tem quem ache Shakira bailarina, tem as que acham Jade Antonelli exemplar. Cabe às professoras comprometidas com a seriedade e o respeito, pontuar as diferenças e, se for o caso, deixar a aluna ir embora em busca do que quer. Com o tempo, elas irão perceber. Ou não.

E enquanto isso, a gente assiste a reprise da novela quando puder, e curte um momento que passou e, que hoje, tem um novo olhar. Vamos ver como será o Clone, quase dez anos depois.
Ah, e pra quem quiser me acompanhar com mais frequência, segue lá:

beijo todas,
ótimo 2011 dançante...