Pessoas Lindas!

domingo, 13 de julho de 2008

Obrigada, John Neschling


Há oito anos eu esperava por isso: ver, de perto, talvez falar com ele, mas acima de tudo, olhar para ele, ouvir sua voz, observar seus gestos.
Minha paixão por John Neschling começou quando, em 2000, eu ouvi o prelúdio, o tema de abertura da minissérie Global, ‘Os Maias’. Comprei a trilha e quando li no encarte que toda a musica incidental fora feita por John Neschling, comecei minha busca por estudar, entender, admirar e acompanhar tudo o que fosse sobre esse homem.
O que eu queria era saber como seria o homem, a pessoa por trás da música. Como seria alguém que compôs algo tão sublime, tão profundo, tão suave e transformador?
Um brasileiro. Nossa, eu não esperava que fosse um brasileiro. Quem assistiu a minissérie e ouviu a trilha, poderia imaginar que os temas fossem todos importados, ou criados por gente mais famosa, ou gente antiga.
Não. Foi tudo feito pelas mãos e mente do regente John Neschling. Como eu saberia depois, através das noticias veiculadas na imprensa em geral, um homem ‘arrogante, reclamão,metido’.
Será? Nunca acredito em julgamentos. Que bom!
Nesse fim de semana, exatamente nessa Sexta-feira, 11 de Julho, eu realizei um sonho que esperou oito anos.
Que sensação, como descrevê-la?
Ele estava lá. Simpático. Sorridente. Espirituoso. Sincero. Atencioso. Falou para quase 100 pessoas, por mais de uma hora, sobre a OSESP- Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sobre música, sobre uma vida.
Em nenhum momento eu vi sequer uma fagulha do homem intragável que a imprensa ‘marrom’ acusava. Pelo contrário.
Um homem que, por ser sincero e enfático, é taxado de reclamão. Um homem que, por não ter falsa modéstia e saber do real valor de suas ações, é chamado de arrogante. Um homem que, por ser exigente, buscar sempre a excelência e comandar com garra e perfeição um elenco de mais de 120 músicos, é considerado metido.
Pobres pessoas limitadas, que julgam tanto!
Que bom que tive a oportunidade de presenciar um bate papo com o regente, fazer perguntas, falar com ele, e assistir ao espetáculo único que foi a apresentação da OSESP, que lotou o meu querido lugar em Bauru-SP, o Parque Vitória Régia. Momentos assim, valem a vida toda.
Fiquei feliz, mais uma lista de desejos riscada do caderninho. Desejo realizado.Ao final da palestra, quando fui pedir para que ele assinasse o meu cd com a trilha de ‘Os Maias’, ele sorriu e disse: ‘Ah, você é a bailarina.” E eu só consegui pensar: ‘sou? Que responsabilidade!’ E enquanto eu tentava pedir o autógrafo, ele me abraçou e disse: ‘Ah, vamos tirar uma foto também, vamos!’. Claro, maestro. Seu desejo é uma ordem!

Por três vezes, eu pensei que fosse desfalecer. Desmaiar mesmo. Sentia meu coração tão forte, tão em êxtase, que faltou-me o ar e meu marido precisou pedir que eu apertasse menos sua mão, pois estava esmagando seus dedos. Quando ouvi 'A Força do Destino', 'Batuque' e 'Capricho Italiano', senti que estava numa esfera fora dali, que a música e eu éramos um, e me senti sozinha em algum lugar, sem me dar conta da presença de milhares de pessoas que, assim como eu, em silêncio e com olhos marejados, presenciavam aquilo tudo. O grand finale, com a execução de 'Bolero' de Ravel, foi simplesmente algo indescritível. Um momento que vou carregar comigo pela vida afora.

Vocês podem conferir mais momentos do show, da viagem, no meu álbum no Flickr aqui ó:
http://www.flickr.com/photos/28378038@N02/sets/72157606142731949/

ps: e ontem teve o Sarau...que emoção!! Depois conto mais...