Durante três anos eu vivi tudo de mais feliz, divertido e intenso ao seu lado.
Quando você chegou ainda pequenino, todos diziam que havíamos feito uma escolha errada.
Você mostrou o quanto pessoas são desinformadas, preconceituosas e maldosas.
Nesses três anos, tornou-se o mascote do nosso estúdio, o filhote atencioso, companheiro e sempre pronto para uma arte.
Jamais vou me esquecer da tarde em que as crianças do projeto social vieram nadar em casa e, na despedida, como um cão obediente e gentil, educadamente você sentou na varanda e recebeu o afeto de cada uma das crianças, que fizeram fila para brincar com você.
Quando eu viajei, você adoeceu. Suportou bravamente os quarenta dias que fiquei fora, e a velha bola, seu brinquedo preferido, não saiu do lugar.
Bastou eu retornar, que você sarou.
Mas de tanta alegria, foi brincar com sua bola e num grito de dor, percebemos que algo havia dado muito errado.
Sua coluna não resistiu e, ainda assim, você ficou por mais dois meses lutando pela sua vida.
Mesmo com dor, abanava o rabo, pedia colo e se aquietava em meus braços antes de dormir, ouvindo minhas músicas inventadas na hora.
Quem diria que existiria um Pit Bull com medo de ficar sozinho, que adora canções de ninar e conquistou a todos que o conheceram?!
Você existiu, e tornou a minha vida mais feliz.
Esses três anos valeram por toda a vida, meu menino.
Obrigada, por tudo.
Com você eu aprendi a não ter vergonha de expressar sentimentos, a sorrir mesmo em dias ruins, e a ter sempre um olhar de criança.
Ontem, após seu último suspiro, eu quis ir até o lugar silencioso de que gosto, para chorar e gritar a minha dor.
Quando cheguei, as nuves mostraram a Lua cheia e de repente, nuvens de vagalumes piscavam, num emocionante e lindo espetáculo, que só eu e Felipe pudemos assistir.
Obrigada, também por isso, Teobaldo.
Se não fosse por você, eu não teria descoberto onde moram os vagalumes.
Teobaldo
(*29/10/2006 + 30/03/2010)
-----------