Ou não, como diria Caetano.
Sábado as 14:30h vai passar na Tv Aberta - Canal Record a versão de Peter Jackson de 'King Kong'.
O filme foi baseado no livro de Edgar Wallace, escrito em meados de 1932- por isso muita gente não entendeu porque tem dinossauros e monstros, já que nas versões anteriores isso nunca aconteceu.
E meus amigos também não entenderam porque eu gostei tanto do filme e chorei muito em determinadas cenas.
Tenho a caixa de dvd duplo, um inteirinho só com extras - que adoro! E já revi umas três vezes.
Poderia passar um dia todo falando desse filme, mas a verdade é que pouca gente gostaria de ouvir, porque infelizmente, as pessoas se acostumam com suas próprias opiniões, e ai daqueles que só querem compartilhar as suas - o que não siginifica impor, apenas compartilhar.
Poucos são os que ouvem.
Muitos são os que selecionam o que ouvir.
Egos inflados, que só prestam atenção ao que lhes agrada.
Ouvir, pressupõe sentir. Isso é o que aprendemos na Psicologia.
Isso é o que eu costumo praticar - tento, pelo menos, já que o lado espanhol muitas vezes fala mais alto e eu acabo falando mais do que devia.
Como ser humano que sou, também cometo erros e tenho meus - maus - momentos egóicos.
Mas tenho me sentido soberanamente irritada com o grau de amor próprio exacerbado dos meus iguais seres humanos.
Que julgam alguém pelo estilo musical, pela roupa que veste, pelos livros que lê ou não lê, pelo vocabulário, pela situação financeira, pelo 'sucesso' ou 'fracasso' pessoal, pelo partido político, pela alimentação que escolhe, pelo peso, pelo cabelo liso, cacheado ou chapado, pelo carro que tem ou não tem, pelo novo super modelo de celular que tem ou não, pelo filme que gostou ou não gostou e uma série de outras coisas que deveriam ser tão pequenas e se tornam tão enormes.
Pobres mortais.
Perdem o melhor da vida, que é justamente o ser 'diferente'.
Aprender a ouvir, a tentar entender o universo do outro, a abrir-se para um mundo pessoal que pode sim ser interessante.
Assim como King Kong, Edward -Mãos de Tesoura, Um Estranho no Ninho e Garota Interrompida - filmes que demonstram o quanto a sociedade julga e pode ser cruel; eu lamento em pleno ano de 2010 uma grande massa de pessoas que se isolam em suas próprias frustrações e ainda se prendem a conceitos que ninguém- ninguém- postulou com eficácia comprovada, ser o mais correto, ou 'normal'.
A cada dia que vou trabalhar com as crianças deficientes, ou encontro as crianças do meu projeto, ou converso com grandes músicos e bailarinas, ou fico cinco minutos além da aula só ouvindo ou conversando com as alunas, eu aprendo a ser gente.
A olhar o outro com a benevolência de saber que, eu mesma, ainda estou em processo, em construção.
E quero manter perto de mim aqueles que conseguem, apesar de tudo, seguir em frente acreditando na bondade, e sem ter vergonha de ser afetuoso ou irascível, porém sempre verdadeiro.
E que bom que a tv aberta vai passar o filme ainda que dublado, ainda que com cortes, mas pô, tv aberta. Mais pessoas pensando.
Talvez muitos vejam apenas um filme de ação; outros uma relação bizarra entre uma mulher e um gorila; outros ainda atentem um olhar apurado - e merecido - sobre os efeitos sonoros e a impecável atuação do sempre fantástico Adrien Brody.
E, talvez, alguém veja tanto da vida representado ali, em cada personagem, inclusive no gorila, como eu vi.
A todos os King Kongs da vida, dedico esse post.
E deixo com meu mais sincero afeto, o meu recado: eu gosto de vocês.